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Após fugir para a Europa, empresário que matou mulher no Rio Grande do Sul conquista benefício

Lucas Azevedo

Do UOL, em Porto Alegre

24/10/2012 16h37

O empresário Luiz Henrique Sanfelice, 48 anos, condenado a 19 anos e três meses de prisão pela morte da mulher, a jornalista Beatriz Rodrigues, foi beneficiado novamente com o regime semiaberto e agora cumpre sua pena na Fundação Patronato Drummond, na zona sul de Porto Alegre.

Sanfelice teve o benefício concedido pela Justiça no final de setembro, por já ter cumprido um sexto da pena e por apresentar bom comportamento, conforme a juíza Traudi Beatriz Grabin, da Vara de Execuções Criminais de Novo Hamburgo. Na ocasião, ele estava preso na Penitenciária Modulada de Montenegro, seu endereço desde o retorno ao Brasil, logo após ser recapturado na Espanha.

Agora, o ex-empresário do ramo de exportação e importação de calçados disse esperar conseguir uma carta de emprego para trabalhar fora da instituição e regressar a ela somente à noite. Enquanto isso não ocorre, ele passa parte do dia trabalhando no almoxarifado da fundação, segundo a Susepe (Superintendência de Serviços Penitenciários).

O caso

O caso Sanfelice ocorreu em 2004, quando Beatriz foi encontrada morta em 12 de junho daquele ano, Dia dos Namorados, dentro do Mégane do marido, próximo ao Santuário das Mães, uma região erma da cidade de Novo Hamburgo (35 km de Porto Alegre), no Vale do Sinos. O carro havia sido incendiado, e o corpo de Beatriz estava dentro dele.

Durante as investigações, diversos elementos foram descobertos, como fitas pornô gravadas pelo empresário em que ele aparecia com amantes, uma suposta traição por parte de Beatriz e um seguro de vida da mulher, cujo beneficiário era ele próprio, no valor de R$ 350 mil - esses dois últimos principais motivadores do crime, segundo a polícia.

Sanfelice sempre negou a autoria do assassinato, mas acabou sendo condenado em 2006 durante um julgamento muito concorrido por curiosos. Preso, o ex-empresário cumpriu parte da pena, até ser beneficiado com uma progressão de regime, quando fugiu. Em 2008, depois de ser recapturado e ao saber que deixaria o semiaberto para ir de volta ao fechado, escapou novamente.

Sua rota ainda não foi identificada, mas do Brasil rumou para o Uruguai ou Argentina, de onde partiu para a Espanha. Isso, não antes de passar pelo Rio de Janeiro e renovar, sem dificuldades, seu passaporte no Consulado da Espanha, pois possui cidadania espanhola.

Vida comum

Sanfelice foi novamente recapturado, dessa vez pela Interpol, em 2010, perto de casa, um sobrado de classe média na região de Bollullos de la Mitación, no interior da Sevilha, sul da Espanha. Para sobreviver, trabalhava de ajudante de pedreiro, porteiro e chegou a pedir comida em albergues de moradores de rua.

De volta ao Brasil, ligeiramente diferente devido a cirurgias plásticas no rosto, ele voltou ao regime fechado e, agora, passou novamente para o semiaberto. Enquanto aguarda a possibilidade de trabalhar fora da cadeia, Sanfelice tem direito a três saídas mensais, quando poderá passar a noite fora da prisão, localizada próximo à casa da atual mulher.

A reportagem tentou contato com a defensora do ex-empresário, mas não obteve retorno.