Depoimento de 1ª testemunha gera bate-boca entre advogada e promotor do caso Ubiratan
O primeiro depoimento de uma testemunha de acusação no julgamento de Carla Cepollina, 46, acusada de matar o coronel da reserva da PM (Polícia Militar) Ubiratan Guimarães, à època seu namorado, foi marcado por um bate-boca da advogada da ré --Liliana Prinzivalli, que é mãe de Carla-- e o promotor de acusação, João Carlos Calsavara.
Durante o depoimento da testemunha Odete Adeglio de Campos, 85, vizinha do coronel Ubiratan --o apartamento dela tem a porta de frente para a do coronel morto--, ela se lembrou de ter ouvido um barulho na noite do dia 9 de setembro de 2006, enquanto assistia à novela "Cobras e Lagartos", na "TV Globo", que ia ao ar por volta das 19h.
Ao fazer perguntas à testemunha, a advogada da ré afirmou que a morte teria ocorrido na manhã do dia 10.
A declaração causou reação do promotor. Para ele, a advogada estaria mentindo. "Não estou mentindo, quem mente é o senhor", disse Prinzevalli, que já havia adiantado que uma das estratégias da defesa seria provar que a morte ocorreu dia 10, data em que a acusada Carla Cepollina não estava com Ubiratan.
O juiz interveio. "Segundo consta no processo, a morte ocorreu no dia 9 de setembro. Se a senhora discorda, aguarde o momento oportuno", afirmou. De acordo com o juiz, o processo indica que a morte de Ubiratan ocorreu dia 9, das 19h05 às 20h27.
Durante as perguntas feitas pela promotoria à testemunha, a advogada interferiu e disse que Calsavara "colocava palavras na boca da testemunha", ao relatar que, em 2007, durante uma simulação da perícia sobre o ruído de tiros, a mulher disse que o barulho que escutou era igual o que havia ouvido no dia do crime.
Hoje, ela disse que, na noite do dia 9, ouviu um barulho "estridente", "diferente que qualquer barulho que já havia ouvido".
A advogada foi interrompida pelo juiz outras vezes enquando interrogava a testemunha. Em uma delas, quando ela confrontou Odete sobre a informação de que o prédio onde ocorreu o crime é seguro. Odete afirmou que os porteiros são "competentes" e "cuidadosos" e que ninguém entra no prédio sem ser anunciado.
A advogada afirmou, então, que semanas antes do crime, a garagem havia sido invadida duas vezes. "Pergunte se ela tem conhecimento dos fatos. Não faça afirmações", disse o juiz à advogada.
O caso
Ubiratan, que era deputado estadual, morreu com um tiro no abdome em seu apartamento nos Jardins, na zona oeste da capital. O coronel ficou conhecido por ser o comandante da operação de invasão do Carandiru em 1992, que resultou na morte de 111 presos --a operação ficou conhecida como "massacre do Carandiru".
De acordo com a acusação do Ministério Público, Carla teria disparado contra o policial depois de uma discussão motivada por ciúme.
Ela teria atendido um telefonema feminino na casa do namorado e atirou, conforme a denúncia, por ele ter rompido o relacionamento com ela. Além disso, sustenta o MP, a advogada foi a última pessoa a deixar o prédio do coronel Ubiratan antes de ele ser achado morto.
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