Topo

Sentença de Carla Cepollina pela morte do coronel Ubiratan sai nesta quarta-feira

Débora Melo

Do UOL, em São Paulo

07/11/2012 06h00

Deve terminar nesta quarta-feira (7), no Fórum da Barra Funda, São Paulo, o julgamento da advogada Carla Cepollina, 47, acusada de matar o coronel da reserva da Polícia Militar Ubiratan Guimarães, em 2006. O terceiro dia do júri está marcado para começar às 10h com os debates entre defesa e acusação. Depois, os jurados deverão se reunir para decidir se a ré é culpada ou inocente, e a previsão é que a sentença do juiz Bruno Ronchetti de Castro seja lida ainda hoje.

Para condenar Cepollina, a acusação tentará convencer os jurados da existência de provas contra a ré. No entanto, a possibilidade de que os jurados decidam absolvê-la “por outras razões” não é descartada. O coronel Ubiratan foi o comandante da operação que ficou conhecida como “Massacre do Carandiru” que, em 1992, resultou na morte de 111 presos na penitenciária de São Paulo.

“Se o jurado tiver piedade [da ré], tiver compaixão e achar que o coronel, por ser quem era, uma figura polêmica, morreu e, com isso, se faz uma compensação, [a decisão] não depende de prova e não depende da nossa argumentação com base na prova”, disse Vicente Cascione, que era advogado do coronel e auxilia o promotor João Carlos Calsavara no julgamento.

O coronel Ubiratan foi morto com um tiro no abdome no dia 9 de setembro de 2006, em seu apartamento, nos Jardins (zona oeste). O Ministério Público sustenta que a acusada, que era namorada de Ubiratan, matou por ciúmes.

Cascione afirma que decisões baseadas em outros critérios é algo “muito comum” no tribunal do júri.

"Muitas vezes, [a decisão] depende da simpatia ou da antipatia que o jurado possa ter pelo réu, pela vítima, pelas circunstâncias, pela causa. E aí ele pode eleger um resultado de absolvição ou de condenação que não tem a ver com as provas. O jurado não tem que dar satisfação a ninguém: ele diz apenas absolvo ou não absolvo”, completou Cascione.

O advogado disse ainda que o fato de Cepollina ter mostrado “arrogância” pode ter impressionado os jurados.

“Se o jurado entender que a ré é arrogante, prepotente, que não aceita uma contrariedade e verificar que a prova, nesse sentido, mostra que ela, diante da contrariedade, agiu no sentido de matá-lo, o jurado condena”, disse.

“Vamos ver como o jurado vai pensar, como vai sentir tudo o que aconteceu no plenário. Se for com base na prova, não tenho dúvida de que os jurados a condenarão. Se tiverem um outro critério, eu não tenho condição de responder qual será o resultado”, continuou Cascione.

Provas

Cepollina encerrou seu depoimento na terça-feira (6) reafirmando que não matou o coronel Ubiratan e que não há provas contra ela. "Todo crime deixa um rastro. A acusação não tem nenhuma prova científica contra mim. Eles têm uma história de quinta categoria, que não conseguem provar, apesar dos laudos adulterados e da sacanagem que fizeram comigo", disse.

De acordo com o advogado Cascione, o horário do telefonema atendido por Cepollina na noite do crime é a principal prova contra ela. “Segundo depoimentos de testemunhas, o tiro foi dado entre as 19h e as 19h30. E ela ficou no apartamento até as 20h26, que foi quando atendeu um telefonema da Renata [delegada que estava tendo um caso com o coronel e teria motivado o crime por ciúmes]. O erro foi ela ter atendido esse telefonema. Nos depoimentos iniciais ela negava que tivesse ficado no apartamento”, disse.

Para Cascione, Cepollina ficou por mais de hora no imóvel recebendo orientações de sua mãe --Liliana Prinzivalli, sua advogada no júri. “Provavelmente preparando a cena para quando a Renata chegasse. Mas ela não sabia que a Renata estava em Belém do Pará, e não em São Paulo”, disse Cascione.

O corpo do coronel foi encontrado às 22h30 do dia 10 de setembro de 2006, mas, segundo as investigações, a morte ocorreu entre as 19h05 e 20h27 do dia 9. De acordo com o depoimento que Renata deu à época do crime, por volta das 19h do dia 9 ela recebeu um torpedo enviado pelo celular de Ubiratan com a seguinte mensagem: “Me abandonou?”. Ela, que estava morando em Belém, respondeu: “Estou chegando em casa e já te ligo. Tá onde?”; depois, contou que recebeu a seguinte resposta do mesmo celular: “Com a minha namorada”.

Renata, então, afirma que telefonou para o celular de Ubiratan, e Cepollina teria atendido a ligação e entregue o aparelho para o coronel. Segundo Renata, o coronel confirmou que as mensagens não tinham sido escritas por ele e ficou de retornar a ela mais tarde. Cerca de uma hora e 20 minutos depois, Renata teria ligado para o telefone do fixo do apartamento do coronel e Cepollina teria atendido dizendo que Ubiratan não podia falar porque eles estavam “quebrando o pau”.