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Em depoimento, delegado do caso Ubiratan diz que Cepollina era possessiva e descarta morte por encomenda

Débora Melo

Do UOL, em São Paulo

05/11/2012 21h36

O delegado Marco Antonio Olivato, segunda testemunha ouvida no julgamento de Carla Cepollina, acusada de matar o coronel da reserva da Polícia Militar Ubiratan Guimarães, em 2006, disse nesta segunda-feira (5) que a ré foi descrita como “possessiva” e “ciumenta” por testemunhas ouvidas na época do crime.

Olivato, que estava à frente do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) quando o crime ocorreu e conduziu as investigações, disse que os filhos e os assessores do coronel, que era deputado estadual e estava em campanha pela reeleição, disseram ainda que Ubiratan já havia rompido o relacionamento com Cepollina e já estava namorando a delegada da PF (Polícia Federal) Renata Madi.

“Os filhos alegavam que eles não tinham mais um relacionamento afetivo, que ele já estava nesse relacionamento com a delegada. Traçaram o perfil da Carla Cepollina como uma pessoa possessiva, ciumenta, que de certa forma sufocava o pai. Ela queria um relacionamento mais oficial, e o pai não queria isso”, disse Olivato durante seu depoimento no Fórum Criminal da Barra Funda --o depoimento dele  começou às 18h10 e ainda não terminou.

O coronel Ubiratan ficou conhecido por ser o comandante da operação de invasão do Carandiru em 1992, que resultou na morte de 111 presos e ficou conhecida como “Massacre do Carandiru”. Em 2001, o coronel chegou a ser condenado a 632 anos de prisão, mas um novo julgamento, em fevereiro de 2006, acabou o absolvendo.

Facção criminosa

Uma das estratégias da defesa de Cepollina é afirmar que a morte do coronel teria sido encomendada pela facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), por vingança. Para o delegado, o fato de o crime ter sido cometido com a arma do próprio Ubiratan --que nunca foi encontrada--, com um tiro no abdome, já é suficiente para descartar a hipótese.

“Aquele não foi um tiro de execução. Tiro de execução é na nuca. E a pessoa que vai cometer um crime desse não vai na sorte de pegar a arma da vítima”, disse Olivato.

O delegado detalhou ainda o conteúdo das mensagens de texto e dos telefonemas trocados entre o celular da delegada Renata Madi e os telefones de Ubiratan. Cepollina já confirmou, em depoimentos anteriores, que esteve com Ubiratan naquele dia e que havia passado em seu apartamento, mas que havia o deixado dormindo, já que ele tinha bebido algumas caipirinhas e estava embriagado.

O corpo do coronel foi encontrado às 22h30 do dia 10 de setembro de 2006, mas, segundo as investigações, a morte ocorreu entre as 19h05 e 20h27 do dia 9. De acordo com o depoimento que Renata deu à época, por volta das 19h do dia 9 ela recebeu um torpedo enviado pelo celular de Ubiratan com a seguinte mensagem: “Me abandonou?”. Ela, que estava em Belém (PA), respondeu: “Estou chegando em casa e já te ligo. Tá onde?” e recebeu a seguinte resposta do mesmo celular: “Com a minha namorada”.

Ainda relatando o depoimento que Renata deu à época, Olivato afirmou que a delegada teria telefonado para o celular de Ubiratan e que Cepollina teria atendido a ligação.

Ela entregou o aparelho para o coronel, que, questionado por Renata, disse que as mensagens não tinham sido escritas por ele e ficou de retornar a ela mais tarde. Cerca de uma hora e 20 minutos depois, tento tentando falar com o coronel sem sucesso, Renata teria ligado para o telefone do fixo do apartamento do coronel e Cepollina teria atendido dizendo que Ubiratan não podia falar porque eles estavam “quebrando o pau” –disse Olivato citando o depoimento de Renata.

Renata foi convocada pela acusação, mas não compareceu ao julgamento. A previsão é que os depoimentos que deu em outras fases do processo sejam lidos amanhã.