Após manifestação de advogado, juiz pede que filhos de coronel Ubiratan se retirem do plenário
Débora Melo
Do UOL, em São Paulo
07/11/2012 17h00
Fabricio Guimarães e Diogo Guimarães, filhos do coronel da reserva da Polícia Militar Ubiratan Guimarães, tiveram de se retirar na tarde desta quarta-feira (7) do plenário do Fórum da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo, onde ocorre o julgamento de Carla Cepollina, acusada de matar o coronel em 2006.
A ordem para que eles se retirassem foi feito pelo juiz Bruno Ronchetti de Castro, que preside o julgamento, após um pedido do advogado Vicente Cascione, assistente da acusação, que, durante sua réplica, pediu que os dois filhos do coronel se levantassem.
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A atitude foi repreendida pelo juiz. “O senhor incitou uma manifestação, e eu avisei que estava proibida qualquer tipo de manifestação da plateia”, disse Castro.
Fabricio, então, perguntou se de fato deveriam se retirar, ao que o juiz respondeu que sim. Os dois, então, deixaram o tribunal.
O coronel Ubiritan ficou famoso por ter sido o comandante da operação que, em 1992, ficou conhecida como “Massacre do Carandiru” e resultou na morte de 111 presos.
Defesa contesta hora da morte
Um dos advogados de Cepollina encerrou o debate da defesa com um tom agressivo. Gritando bastante, o advogado Eugenio Malavasi tentou convencer os jurados de que não há provas contra a ré e contestou a hora da morte de Ubiratan.
As investigações apontam que o coronel morreu entre as 19h05 e as 20h26 da noite do dia 9 de setembro de 2006, após receber um tiro no abdome em seu apartamento, nos Jardins (zona oeste). Para a defesa, porém, Ubiratan morreu na manhã do dia 10.
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A estratégia da defesa é provocar dúvida nos jurados com base no horário em que foi feita a necropsia --o laudo emitido não contém essa informação, apenas informa que a morte teria ocorrido no mínimo 18 horas antes da realização do exame.
“O laudo não revela a hora a hora da necropsia. Façamos, então, um exercício matemático da hora da morte do coronel”, disse Malavasi.
O corpo, que só foi encontrado na noite do dia 10, foi retirado às 2h17 da madrugada do dia 11 do apartamento do coronel e, de acordo com o advogado Malavasi, a necropsia só foi feita a partir desse horário, por volta das 4h.
Dessa forma, ainda segundo ele, o coronel pode ter morrido às 10h do dia 10 --e não na noite do dia 9.
Com isso, a defesa tenta mostrar que Cepollina não estava mais no apartamento quando o coronel foi morto, já que ela foi vista saindo do prédio na noite do dia 9.
Antes da argumentação de Malavasi, a mãe e também advogada de Cepollina, Liliana Prinzivalli, tentou descontruir a imagem de arrogante da ré e disse que “ela é apenas uma menina que estudou”.
“Eles [acusação] querem que os senhores antipatizem com ela por causa da diferença de classe”, disse, dirigindo-se aos jurados.