Em região com maior concentração de municípios com coleta seletiva, Curitiba (PR) e Caxias do Sul (RS) atendem 100% da população
Na região com a maior concentração de municípios que possuem programa, projeto ou ação de coleta seletiva de lixo em atividade, duas cidades se destacam ao apresentarem modelos inovadores de limpeza urbana e oferecerem o serviço para 100% da população: Curitiba (PR) e Caxias do Sul (RS).
Considerando o serviço de limpeza urbana, a região Sul se destaca na "Pesquisa de Informações Básicas Municipais", a Munic, divulgada nesta terça-feira (13) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com 663 cidades nas quais há coleta seletiva --o que representa 55,8% em relação ao resto do país. O Sudeste, com 41,5% (693 cidades), ocupa o segundo lugar do ranking regional.
Em Curitiba, “carrinheiros” fazem 75% do trabalho
Em Curitiba, Jaime Lerner (sem partido, ex-PFL), implantou o programa de coleta seletiva “Lixo que não é lixo” em 1989, ano em que assumiu a prefeitura pela terceira vez. Vinte e três anos depois, a prefeitura informou que recolhe 2.850 toneladas de material reciclável por mês – o equivalente a 114 toneladas diárias --em toda a cidade.
Segundo a prefeitura, os “carrinheiros” (apelido dado na cidade aos coletores que recolhem material reciclável usando carrinhos de tração humana) são responsáveis por 75% da coleta de recicláveis (equivalente a 445 toneladas/dia). Os 25% restantes são feitos pelos caminhões da Cavo, empresa contratada pela prefeitura para a coleta de lixo.
A prefeitura estima que existam 3.500 “carrinheiros” em Curitiba. Do total, apenas 400 estão cadastrados num programa chamado “Ecocidadão”, que mantém 15 barracões em que os coletores podem separar o material coletado e vender o que pode aproveitado a empresas processadoras.
Aos “carrinheiros”, a prefeitura promete entregar, ainda este ano (quando termina o mandato do prefeito Luciano Ducci, do PSB, que não foi reeleito), 108 carrinhos elétricos. Segundo a assessoria, “os equipamentos fazem parte de um lote de 504 carrinhos elétricos, que serão entregues até o próximo ano”.
Já o material coletado pela Cavo é encaminhado a uma unidade de triagem e, posteriormente, à indústria de reciclagem. A renda fruto da venda dos recicláveis é destinada à Fundação de Ação Social, entidade de assistência social da prefeitura.
Uma pesquisa da associação Cempre (Compromisso Empresarial para Reciclagem), divulgada nesta terça-feira pelo jornal “Gazeta do Povo”, mostra que o volume de lixo recolhido atualmente é pouco maior que o registrado em 1999, quando a cidade coletava 2,3 mil toneladas mensais. Além disso, o Cempre informou que, entre 2002 e 2008, o índice não passou de 1,5 mil tonadas mensais, até voltar a crescer em 2010.
Questionada pela reportagem, a assessoria de imprensa da prefeitura de Curitiba não respondeu quanto do material reciclável coletado é, de fato, reaproveitado.
A prefeitura mantém um serviço de coleta de lixo tóxico em que caminhões estacionados diariamente junto a terminais de ônibus recolhem pilhas, baterias, toners, embalagens de inseticida, tintas, colas, solventes, remédios vencidos, óleo de cozinha e lâmpadas fluorescentes.
A cada mês, coletam-se 3,5 toneladas de lixo tóxico. O material é encaminhado pela Cavo a uma Central de Tratamento de resíduos industriais.
Em Caxias do Sul, a coleta é mecanizada
A cidade de Caxias do Sul (134 km de Porto Alegre), na serra gaúcha, com aproximadamente 450 mil habitantes, serve toda sua área urbana com a coleta seletiva, tanto manual quanto mecanizada - através de contêineres -, na coleta de aproximadamente 90 toneladas de resíduos recicláveis por dia.
Atualmente, 45% da área urbana possui contêineres - distribuídos em pares, para resíduos orgânicos e recicláveis. Mas o objetivo é chegar a 65% da cidade com esse tipo de coleta até 2014. O destino desse material são as 23 associações de recicladores que recebem gratuitamente esse material da prefeitura.
O serviço teve início em 1991, mas foi em 2007 que o sistema foi ampliado, quando foram implementados os espaços para o recolhimento de lixo e a coleta mecanizada. De 2007 a 2010, foram disponibilizados 1.400 contêineres da cor verde, para a coleta orgânica, e 1.400 contêineres amarelos, para o resíduo seletivo, abrangendo 886 quadras e beneficiando cerca de 165 mil famílias, explica Mauro Cazagnollo, gerente do Departamento de Limpeza Urbana da Codeca (Companhia de Desenvolvimento de Caxias do Sul).
Os caminhões da Cavo, empresa contratada pela prefeitura de Curitiba para a coleta de lixo, recolhem 25% dos resíduos recicláveis da cidade
Este ano, a cidade deu início à sua quarta etapa de implantação da coleta mecanizada de lixo. O aumento de uma para duas vezes por semana do recolhimento do material também beneficiou a população, que não precisa mais guardar os descartes em casa por uma semana.
A Codeca também deve instalar contêineres em mais dez bairros da cidade, fazendo com que o montante de pares de contêineres para lixo orgânico e seletivo chegue a 1.950.
Outra experiência da companhia é o ecoponto, situado na sede da empresa. Trata-se de um espaço para o descarte de móveis e eletrodomésticos. A previsão, conforme Cazagnollo, é de espelhar mais ecopontos pela cidade.
Já em relação aos resíduos sólidos, 360 toneladas são recolhidas por dia, e 25% desse montante é reciclado em uma central de tratamento de resíduos. Por outro lado, o recolhimento de medicações é feito pela Vigilância Sanitária, enquanto o descarte de pilhas e baterias é feito pela iniciativa privada, no próprio comércio.
SEM COLETA SELETIVA
2.376
cidades
Não possuem política municipal de coleta seletiva.
1.070
cidades
Não têm programa, mas desenvolvem algum tipo de ação ou programa piloto.
184
cidades
Possuem projeto piloto de coleta seletiva em áreas restritas.
138
cidades
Iniciaram programas de coletiva seletiva, que foram interrompidos posteriormente. A maioria (55) em função da ausência de locais adequados para triagem.
Dados do IBGE
Pouco mais de 32% dos municípios no país (1.796) possuem programa, projeto ou ação de coleta seletiva de lixo em atividade, segundo a pesquisa do IBGE. Por outro lado, 2.376 cidades (42,7%) continuam sem qualquer tipo de iniciativa relacionada à coleta seletiva.
Já 3,3% dos municípios possuem projeto piloto de coleta seletiva, mas apenas em áreas restritas. Enquanto isso, 2,5% das cidades chegaram a iniciar programas dessa natureza, porém interromperam por motivos não especificados.
As regiões Norte e Nordeste possuem as maiores proporções de municípios sem programas, 62,8% (282) e 62,3% (1.118), respectivamente. De acordo com o IBGE, a coleta seletiva é mais frequente nas grandes cidades: 68,2% (193) dos municípios com mais de 100 mil declaram possuir programa em atividade.
Essa é a primeira vez que o IBGE investiga a infraestrutura municipal de saneamento básico, antes analisada apenas pela PNSB (Pesquisa Nacional de Saneamento Básico), cuja última edição foi publicada em 2008.
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