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Em região com maior concentração de municípios com coleta seletiva, Curitiba (PR) e Caxias do Sul (RS) atendem 100% da população

Em Caxias do Sul (RS), os contêineres amarelos são destinados aos resíduos recicláveis e os verdes, para a coleta orgânica - Divulgação
Em Caxias do Sul (RS), os contêineres amarelos são destinados aos resíduos recicláveis e os verdes, para a coleta orgânica Imagem: Divulgação

Lucas Azevedo e Rafael Moro Martins

Do UOL, em Porto Alegre e Curitiba

13/11/2012 17h26

Na região com a maior concentração de municípios que possuem programa, projeto ou ação de coleta seletiva de lixo em atividade, duas cidades se destacam ao apresentarem modelos inovadores de limpeza urbana e oferecerem o serviço para 100% da população: Curitiba (PR) e Caxias do Sul (RS).

Considerando o serviço de limpeza urbana, a região Sul se destaca na "Pesquisa de Informações Básicas Municipais", a Munic, divulgada nesta terça-feira (13) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com 663 cidades nas quais há coleta seletiva --o que representa 55,8% em relação ao resto do país. O Sudeste, com 41,5% (693 cidades), ocupa o segundo lugar do ranking regional.

Em Curitiba, “carrinheiros” fazem 75% do trabalho

Em Curitiba, Jaime Lerner (sem partido, ex-PFL), implantou o programa de coleta seletiva “Lixo que não é lixo” em 1989, ano em que assumiu a prefeitura pela terceira vez. Vinte e três anos depois, a prefeitura informou que recolhe 2.850 toneladas de material reciclável por mês – o equivalente a 114 toneladas diárias --em toda a cidade.

Segundo a prefeitura, os “carrinheiros” (apelido dado na cidade aos coletores que recolhem material reciclável usando carrinhos de tração humana) são responsáveis por 75% da coleta de recicláveis (equivalente a 445 toneladas/dia). Os 25% restantes são feitos pelos caminhões da Cavo, empresa contratada pela prefeitura para a coleta de lixo.

A prefeitura estima que existam 3.500 “carrinheiros” em Curitiba. Do total, apenas 400 estão cadastrados num programa chamado “Ecocidadão”, que mantém 15 barracões em que os coletores podem separar o material coletado e vender o que pode aproveitado a empresas processadoras.

Aos “carrinheiros”, a prefeitura promete entregar, ainda este ano (quando termina o mandato do prefeito Luciano Ducci, do PSB, que não foi reeleito), 108 carrinhos elétricos. Segundo a assessoria, “os equipamentos fazem parte de um lote de 504 carrinhos elétricos, que serão entregues até o próximo ano”.

Já o material coletado pela Cavo é encaminhado a uma unidade de triagem e, posteriormente, à indústria de reciclagem. A renda fruto da venda dos recicláveis é destinada à Fundação de Ação Social, entidade de assistência social da prefeitura.

Uma pesquisa da associação Cempre (Compromisso Empresarial para Reciclagem), divulgada nesta terça-feira pelo jornal “Gazeta do Povo”, mostra que o volume de lixo recolhido atualmente é pouco maior que o registrado em 1999, quando a cidade coletava 2,3 mil toneladas mensais. Além disso, o Cempre informou que, entre 2002 e 2008, o índice não passou de 1,5 mil tonadas mensais, até voltar a crescer em 2010.

Questionada pela reportagem, a assessoria de imprensa da prefeitura de Curitiba não respondeu quanto do material reciclável coletado é, de fato, reaproveitado.

A prefeitura mantém um serviço de coleta de lixo tóxico em que caminhões estacionados diariamente junto a terminais de ônibus recolhem pilhas, baterias, toners, embalagens de inseticida, tintas, colas, solventes, remédios vencidos, óleo de cozinha e lâmpadas fluorescentes.

A cada mês, coletam-se 3,5 toneladas de lixo tóxico. O material é encaminhado pela Cavo a uma Central de Tratamento de resíduos industriais.

Em Caxias do Sul, a coleta é mecanizada

A cidade de Caxias do Sul (134 km de Porto Alegre), na serra gaúcha, com aproximadamente 450 mil habitantes, serve toda sua área urbana com a coleta seletiva, tanto manual quanto mecanizada - através de contêineres -, na coleta de aproximadamente 90 toneladas de resíduos recicláveis por dia.

Atualmente, 45% da área urbana possui contêineres - distribuídos em pares, para resíduos orgânicos e recicláveis. Mas o objetivo é chegar a 65% da cidade com esse tipo de coleta até 2014. O destino desse material são as 23 associações de recicladores que recebem gratuitamente esse material da prefeitura.

O serviço teve início em 1991, mas foi em 2007 que o sistema foi ampliado, quando foram implementados os espaços para o recolhimento de lixo e a coleta mecanizada. De 2007 a 2010, foram disponibilizados 1.400 contêineres da cor verde, para a coleta orgânica, e 1.400 contêineres amarelos, para o resíduo seletivo, abrangendo 886 quadras e beneficiando cerca de 165 mil famílias, explica Mauro Cazagnollo, gerente do Departamento de Limpeza Urbana da Codeca (Companhia de Desenvolvimento de Caxias do Sul).

  • Divulgação

    Os caminhões da Cavo, empresa contratada pela prefeitura de Curitiba para a coleta de lixo, recolhem 25% dos resíduos recicláveis da cidade

Este ano, a cidade deu início à sua quarta etapa de implantação da coleta mecanizada de lixo. O aumento de uma para duas vezes por semana do recolhimento do material também beneficiou a população, que não precisa mais guardar os descartes em casa por uma semana.

A Codeca também deve instalar contêineres em mais dez bairros da cidade, fazendo com que o montante de pares de contêineres para lixo orgânico e seletivo chegue a 1.950.

Outra experiência da companhia é o ecoponto, situado na sede da empresa. Trata-se de um espaço para o descarte de móveis e eletrodomésticos. A previsão, conforme Cazagnollo, é de espelhar mais ecopontos pela cidade.

Já em relação aos resíduos sólidos, 360 toneladas são recolhidas por dia, e 25% desse montante é reciclado em uma central de tratamento de resíduos. Por outro lado, o recolhimento de medicações é feito pela Vigilância Sanitária, enquanto o descarte de pilhas e baterias é feito pela iniciativa privada, no próprio comércio.

 

SEM COLETA SELETIVA

  • 2.376

    cidades

    Não possuem política municipal de coleta seletiva.

  • 1.070

    cidades

    Não têm programa, mas desenvolvem algum tipo de ação ou programa piloto.

  • 184

    cidades

    Possuem projeto piloto de coleta seletiva em áreas restritas.

  • 138

    cidades

    Iniciaram programas de coletiva seletiva, que foram interrompidos posteriormente. A maioria (55) em função da ausência de locais adequados para triagem.

    Dados do IBGE

    Pouco mais de 32% dos municípios no país (1.796) possuem programa, projeto ou ação de coleta seletiva de lixo em atividade, segundo a pesquisa do IBGE. Por outro lado, 2.376 cidades (42,7%) continuam sem qualquer tipo de iniciativa relacionada à coleta seletiva.

    Já 3,3% dos municípios possuem projeto piloto de coleta seletiva, mas apenas em áreas restritas. Enquanto isso, 2,5% das cidades chegaram a iniciar programas dessa natureza, porém interromperam por motivos não especificados.

    As regiões Norte e Nordeste possuem as maiores proporções de municípios sem programas, 62,8% (282) e 62,3% (1.118), respectivamente. De acordo com o IBGE, a coleta seletiva é mais frequente nas grandes cidades: 68,2% (193) dos municípios com mais de 100 mil declaram possuir programa em atividade.

    Essa é a primeira vez que o IBGE investiga a infraestrutura municipal de saneamento básico, antes analisada apenas pela PNSB (Pesquisa Nacional de Saneamento Básico), cuja última edição foi publicada em 2008.