Advogado de Macarrão pede a jurados "condenação justa" do réu
O advogado Leonardo Diniz encerrou, nesta sexta-feira (23), sua sustentação em defesa de Luiz Henrique Romão, o Macarrão, com um pedido aos jurados para que deem uma “condenação justa” ao réu.
Macarrão responde pelos crimes de homicídio triplamente qualificado, sequestro e cárcere privado e ocultação de cadáver cometidos contra Eliza Samudio, ex-amante do goleiro Bruno Souza, em 2010.
“Peço que seja aplicada uma condenação, uma reprimenda, segundo o que entenderam da participação dele nos fatos, mas que a reprimenda seja justa, que seja proporcional”, disse Diniz..
O defensor pediu que seu cliente seja absolvido do crime de sequestro, cárcere privado e ocultação de cadáver. Pelo crime do homicídio, Diniz pede aos jurados que não o consideram o “executor” de Eliza.
Segundo o advogado, o nome de Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, não aparecia nos depoimentos de Jorge Rosa --primo de Bruno, menor à época dos fatos-- que guiaram o inquérito policial.
Bola é acusado de ter matado Eliza. Ele também era réu no mesmo tribunal do júri, mas seu julgamento foi desmembrado.
Diniz sugeriu, em sua sustentação, que a Polícia Civil trouxe a figura de Bola para a trama que culminou com o desaparecimento de Eliza porque precisava dar uma resposta à ausência do corpo.
O suposto assassino da modelo só surgiu nos últimos depoimentos do menor, que foi interrogado seis vezes. “A polícia tinha que apontar um corpo”, disse.
O advogado citou uma suposta rixa entre Bola e o delegado Edson Moreira, que presidiu o inquérito do caso. “Depois se descobriu uma rixa antiga entre ele e o delegado.”
Em sua sustentação, o defensor se referiu bastante à amizade de Macarrão com o Bruno e o sonho dele em ser jogador de futebol. Ele citou também a infância pobre do réu no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves (MG).
Diniz também sustentou que Macarrão, mesmo a contragosto, seguiu ordens de Bruno quando levou Eliza para ser morta.
O advogado também disse que a acusação da participação de Macarrão no sequestro e morte de Eliza baseou-se nos primeiros interrogatórios de Jorge Rosa e Sérgio Rosa Salles, também primo de Bruno, que não gostavam e tinham ciúmes de Macarrão.
Macarrão foi 'protagonista', diz promotor
Antes de a defesa falar, o promotor Henry Castro fez sua sustentação e afirmou que Macarrão foi “protagonista” dos crimes.
“Eliza não teria sido sequestrada e morta se não fosse o poder nos bastidores exercido por esse facínora. Por que Bruno não iria botar a mão na massa por estar cercado de evidências em razão de sua condição”, disse o promotor.
A sustentação do promotor baseou-se no depoimento de Jorge Rosa, primo de Bruno, menor à época dos fatos, que relatou à polícia e à Justiça como se deu o sequestro e morte de Eliza Samudio. Castro também utilizou os registros telefônicos dos acusados, que apontam contradições no interrogatório de Macarrão e de Fernanda Castro, ex amante de Bruno.
Durante sua fala, o promotor fez duras críticas aos advogados de defesa, que, segundo ele, pressionaram envolvidos no caso, como o primo de Bruno, Sérgio Rosa Salles, a mentir e mudar a versão que tinham dado sobre a morte de Eliza.
Ao apontar Macarrão como protagonista, o promotor pediu aos jurados a condenação por todos os crimes.
O acusador usou registros de telefonemas entre Macarrão e Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, em 10 de junho de 2010, dia em que o ex-braço direito de Bruno confirmou ter levado Eliza até a Toca da Raposa (CT do Cruzeiro), a mando do goleiro, mesmo a contragosto, segundo ele.
Castro disse que a confissão de Macarrão, que confirmou, em seu interrogatório, ter levado Eliza para ser morta, e apontou Bruno como o mandante, é “relevante”, mas não era necessária para o Ministério Público para pedir a condenação do réu.
“Nós não precisávamos da confissão de Macarrão. Todavia essa confissão é relevante, apesar de parcial. Temos a revelação, por parte dele, de alguém no processo que, de fato, esse mando partiu de Bruno”, disse.
Júri deve decidir hoje
Após quatro dias de julgamento marcados por tumultos e reviravoltas, o júri do caso, que ocorre no fórum de Contagem (região metropolitana de Belo Horizonte), chega em seu momento decisivo. Hoje, os sete jurados devem julgar os réus Macarrão e Fernanda Castro, ex-amante de Bruno.
A decisão dos jurados causará implicações no julgamento de outros réus do processo, em especial de Bruno --apontado pela promotoria e, desde ontem, por Macarrão, seu amigo de infância, como o mandante da morte de Eliza.
Veja como foi cada dia do julgamento
1º dia | Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, fica sem advogado depois que Ércio Quaresma se recusa a fazer sua defesa preliminar no tempo estabelecido pela juíza. Bola, então, rejeita um defensor público. Com isso, ele tem seu julgamento adiado para data ainda a ser definida |
A juíza dispensa sete jurados que participaram de outro júri de Bola e o absolveram da morte de um carcereiro | |
Fernando Diniz, advogado do Luiz Henrique Romão, o Macarrão, também ameaçou abandonar a defesa, mas voltou atrás | |
Também nesta segunda-feira foram definidos os sete jurados que decidirão o futuro dos réus. O corpo de jurados ficou definido com seis mulheres e um homem | |
2º dia | O segundo dia do júri do caso Eliza Samudio foi marcado pela substituição de um dos advogados do goleiro Bruno Fernandes e terminou com um momento de intimidade entre o ex-jogador e sua atual namorada Ingrid Oliveira. |
Bruno dispensou o advogado Rui Pimenta, que disse estar surpreso. | |
A sessão de hoje foi marcada também pelo choro de Dayanne de Souza, ex-mulher do jogador, e Fernanda de Castro, ex-amante do goleiro, ambas acusadas de participação no desaparecimento de Eliza Samudio. | |
Por um pedido da Promotoria, a juíza Marixa Fabiane decidiu desmembrar o julgamento de Dayanne, de modo que o advogado Francisco Simim passasse a defender apenas Bruno neste júri. Com isso, ela será julgada em outra data. | |
A juíza Marixa Fabiane aplicou uma multa de R$ 18,7 mil para os três advogados de Bola, que abandonaram o júri. | |
3º dia | Em outro dia tumultuado, o ex-goleiro Bruno conseguiu ter seu julgamento desmembrado. Ele será julgado em 4 de março de 2013. |
Macarrão depõe e incriminou Bruno. Ele disse que o ex-goleiro pediu para ele levar Eliza para um local perto da Toca da Raposa. Lá, ela desceu do carro que ele dirigia e foi colocada em um Pálio preto. Ele, no entanto, não disse textualmente que Eliza está morta. | |
4º dia | No quarto dia do julgamento, só Fernanda Castro, ex-amante de Bruno, prestou depoimento. Ela disse que só soube da morte de Eliza por causa do depoimento de Macarrão, dado na quinta-feira (22), na madrugada. |
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