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Fim do mundo amplia procura por Alto de Paraíso (GO); placa de cristal evitaria que cidade passe por tragédias

Lourdes Souza

Do UOL, em Goiânia

16/12/2012 06h00

As previsões apocalípticas sobre o fim do mundo estão movimentando a cidade de Alto Paraíso, na Chapada dos Veadeiros (410 km de Goiânia). A prefeitura espera lotação máxima para a sexta-feira (21), data em que, teoricamente, a vida no planeta se extinguiria, segundo o calendário criado pela civilização maia.

A expectativa do prefeito Alán Barbosa (PSB) é de que 10 mil pessoas se hospedem na cidade no final de semana, que sucede o dia 21. Número que praticamente dobrará o total de habitantes, que hoje é calculado em 8.000 pessoas.

Uma semana antes do evento, hotéis e pousadas já estariam com as lotações quase fechadas. A cidade e o distrito de São Jorge possuem juntos cerca de 3.000 leitos. O prefeito diz que a demanda será complementada com vagas nas áreas de camping e na locação de casas e quartos, que é realizada pelos moradores.

Para manter a ordem na cidade, a prefeitura solicitou reforço para as equipes da PM (Polícia Militar), que terá o efetivo duplicado. Alto Paraíso conta com 15 policiais e outros 15 serão encaminhados para atuar na segurança no período de maior visitação. A Polícia Civil e o Corpo de Bombeiros também vão aumentar o número de profissionais no município.

A área de saúde também será ampliada com a contratação de mais um médico para o atendimento de emergência. O prefeito diz que foi pedido à regional da Secretaria Estadual de Saúde suporte para o hospital municipal e o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).

A expectativa é de que o alto movimento no turismo incremente a economia da cidade em até 40% em comparação com o mesmo período do ano passado. Barbosa afirma que o comércio, restaurantes e prestadores de serviço foram orientados a se preparem para recepcionar os turistas, que devem permanecer cerca de uma semana na cidade.

Misticismo

A procura por Alto Paraíso se justifica, segundo o vereador Fernando Couto (PSB), pelo misticismo que confere à cidade o título de ser um local livre de tragédias.

O município, que é cortado pelo paralelo 14, está sobre uma placa de quartzo de 4.000 metros quadrados e a 1.300 metros acima do nível do mar. Ele afirma que essas características naturais aliadas à espiritualidade dos moradores e visitantes da cidade têm reforçado o turismo local.

O prefeito Alán Barbosa diz que na cidade há grupos místicos, mas que a grande maioria não tem essa visão. “O nosso trunfo é a diversidade, aqui temos pessoas de culturas e religiões diferentes e conseguimos viver em harmonia. Aqui cabe até o fim do mundo”

O empresário Vitor Tarallo, 28, que deixou o interior de São Paulo, em 1994, quando foi para Alto Paraíso, diz que não acredita que o mundo se acabara no dia 21. Para ele, a data se tornou mesmo um evento turístico. “Tem muita gente que acredita, mas espero que a normalidade volte nos dias seguintes”.

Festas

O vereador Fernando Couto diz que a prefeitura preparou três semanas de comemorações com shows artísticos. As apresentações começaram no dia 12 de dezembro, quando a cidade completou 59 anos.

“A cidade está tranquila, não estamos esperando o fim do mundo tanto que o nome das celebrações é ‘Todo Mundo no Paraíso’. Vamos receber pessoas de todo o Brasil e sabemos que há pessoas que acreditam no misticismo e estão preparando seus rituais."

O cantor Ranndys Soares, 37, fará um show no sábado, 22, a partir das 21h30, e espera que o mundo não acabe antes disso. Ele, que fará uma apresentação de rock nacional e sucessos internacionais, diz que a vibração da cidade é diferente. Na sexta, 21, o show será do cantor Paulinho Moska.

Segundo ele, tudo vibra de forma diferente em Alto Paraíso, onde há muita curiosidade por parte dos visitantes. Para Soares, o que o movimento direcionado ao dia 21 de dezembro é muito similar ao ano de 2000, quando diversas pessoas migraram para a cidade em busca de proteção de tragédias naturais.