Delegado aguarda depoimento de chefe de plantão para decidir sobre indiciamento de médico do caso Adrielly
A Polícia Civil do Rio de Janeiro aguarda o depoimento do chefe de plantão do hospital onde a menina Adrielly dos Santos Vieira, 10, esperou mais de oito horas para ser operada --a criança morreu oito dias após ser atingida por uma bala perdida na madrugada do dia 25 de dezembro--, para definir se o neurocirurgião Adão Crespo Gonçalves, que faltou o expediente na noite de Natal, será ou não indiciado por omissão de socorro.
O caso ocorreu no hospital Salgado Filho, no Méier, na zona norte da cidade. De acordo com o titular do distrito policial do bairro (23ª DP), Luiz Archimedes, a versão a ser apresentada pelo chefe de plantão, Ênio Eduardo Limpa Lopes, será fundamental para esclarecer as circunstâncias do suposto crime.
O médico já foi intimado a depor em três oportunidades, mas não compareceu à delegacia. Se ignorar a próxima convocação, Lopes poderá responder por desobediência em processo no Jecrim (Juizado Especial Criminal).
Menina Adrielly é enterrada no RJ
"Ainda estamos ouvindo as pessoas. Temos até o dia 25 desse mês para encerrar o inquérito. Ainda está faltando o depoimento do médico [chefe de plantão]. Eu tenho certeza que ele vai aparecer", disse Archimedes, que ouviu, na segunda-feira (7), o neurocirurgião Mário Lapenta --responsável pela cirurgia a qual Adrielly foi submetida após a espera de oito horas no Salgado Filho.
"Ele [Lapenta] disse que a causa de tudo era a trajetória do projétil. Segundo a versão dele, não tinha como salvar a menina. Ainda que o médico [Lopes] comparecesse ao plantão daquele dia", declarou.
O delegado não descarta a possibilidade de que o inquérito seja encerrado sem o indiciamento de Adão Crespo Gonçalves. Embora a ausência do médico no plantão de Natal "configure" a omissão de socorro, segundo o policial, a investigação consiste na análise de toda a "sequência do fato", o que só seria possível depois que todas as testemunhas prestassem depoimento.
Chefe do plantão falta a depoimento
Caso a Polícia Civil não indicie o neurocirurgião, o mesmo ainda poderá ser culpabilizado pelo Ministério Público, responsável por receber e avaliar o inquérito policial.
Atingida na cabeça
Na última sexta-feira (4), Adrielly dos Santos Vieira, 10, morreu após oito dias internada no hospital Souza Aguiar, no centro. A jovem, atingida na cabeça por uma bala perdida por volta de 0h15 do dia 25 de dezembro, só foi submetida a intervenção cirúrgica oito horas depois de ser baleada, por falta de médico neurocirurgião. No dia 30 de dezembro, a morte cerebral já havia sido confirmada pelos médicos.
Vieira estava indo em direção à mãe a fim de mostrar a boneca que havia ganhado de presente de Natal. Ela foi atingida na porta de casa e posteriormente encaminhada ao hospital Salgado Filho, no Méier. O médico escalado para o plantão noturno do dia era Adão Orlando Crespo Gonçalves, que não apareceu.
Segundo a polícia, o neurocirurgião disse que faltava aos plantões há um mês por discordar da escala de trabalho. O prefeito Eduardo Paes classificou a conduta do neurocirurgião como "irresponsável" e "delinquente" e disse que ele deve ser demitido. A ausência do plantonista também está sendo investigada pelo Ministério Público e pelo Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj).
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