Explosão no STF enfraquece liderança de Bolsonaro e reduz chance de anistia
A tentativa de ataque a bomba ao Supremo Tribunal Federal não é apenas coisa de maluco, ou de um maluco como os líderes de direita querem fazer crer. O caquistoterrorista não nasceu do nada. Não foi geração espontânea. O homem-bomba é ele e sua circunstância.
O tema é um dos destaques do episódio desta semana do A Hora, podcast de notícias do UOL com os jornalistas Thais Bilenky e José Roberto de Toledo, disponível nas principais plataformas. Ouça aqui.
O caquistoterrorista tinha sido candidato a vereador pelo PL em Rio do Sul (SC) em 2020 com o número de urna 22.222. É o número preferido da família Bolsonaro, usado por Carlos na eleição de vereador do Rio neste ano.
Em Balneário Camboriú, 22.222 foi o número do Jair Renan Bolsonaro. É o número mais disputado da legenda, porque é o mais fácil de decorar. O terrorista tampouco era um candidato qualquer.
Francisco Wanderley Luiz era seguidor do Bolsonaro no Facebook, e de vários canais de extrema-direita, inclusive os mais delirantes como o QAnon.
Os canais de comunicação nos quais essas ideias violentas florescem, onde as teorias da conspiração proliferam, permanecem funcionando impunemente.
Eles são alimentados e promovidos pelo discurso golpista, por líderes de extrema-direita, pelos algoritmos das plataformas, quando não por donos de plataformas. O próprio caquistoterrorista fazia ameaças nessas plataformas.
Esses criadouros de homens-bomba estão fora de controle. De onde saiu um podem sair outros. O 8/1 é prova disso.
Nesse cenário propício à violência, qualquer pessoa com mais de 18 anos pode comprar fogos de artifício de grande porte. É dar munição para o azar. A Comissão de Constituição e Justiça do Senado acabou de aprovar projeto de lei que proíbe fabricação e venda de fogos com estampido acima de 70 decibéis. O projeto agora está na Câmara.
Sem anistia e com "associação das imputações" para Bolsonaro
Três ministros do Supremo se reuniam com Lula e com o diretor da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, no Palácio da Alvorada, quando as bombas estouraram na praça dos Três Poderes.
Eles conversavam justamente sobre as minúcias do golpe de 8/1 descobertas pela PF e como lidar com elas. Uma das hipóteses em discussão era a "associação de imputações" a Bolsonaro et caterva.
Isso significa:
1) juntar inquéritos em uma mesma denúncia oferecida pela Procuradoria Geral da República ao Supremo;
2) aumento da pena para os denunciados porque reforça os indícios de conluio, entre outros agravantes do crime;
3) maior possibilidade de Bolsonaro ser preso e de sua inelegibilidade ser estendida para além de 2026.
O caquistoterrorista pode ter implodido a liderança de Bolsonaro, que deixará de ser uma opção de poder. Pode ser um eleitor desde o cárcere, como Lula tentou ser em 2018.
Isso precipitaria a luta pelo preenchimento do vácuo que será deixado por Bolsonaro. A direita inchou, mas se dividiu. A esquerda murchou, mas nunca foi tão Lula-dependente.
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