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Gêmeas geradas pela avó nascem em Goiânia; Justiça autoriza registro de crianças por pais biológicos

Os pais biológicos Fernanda e Allen seguram as gêmeas recém-nascidas Júlia e Emanuelle - Reprodução/Facebook
Os pais biológicos Fernanda e Allen seguram as gêmeas recém-nascidas Júlia e Emanuelle Imagem: Reprodução/Facebook

Lourdes Souza

Do UOL, em Goiânia

09/01/2013 06h00

Geradas no útero da avó, Maria da Glória Medeiros de Araújo, 51, as gêmeas Júlia e Emanuelle nasceram em Goiânia na noite de segunda-feira (7).

O parto foi acompanhado pelos pais biológicos Fernanda Medeiros, 34, e Allen Luiz Martins, 32, que estão no Hospital da Mulher, no setor Aeroporto com as crianças.

“Parece que a gente ama no primeiro segundo. É uma emoção tão forte que nem consigo explicar. Só sei agradecer a Deus pelo presente. Não consigo dormir, estou cansada, mas fico o tempo todo ao lado das minhas filhas”, disse Fernanda, que realizou o sonho de ser mãe 21 anos após ter tirado o útero.

Por problemas de má formação, ela precisou tirar o útero quando tinha 13 anos e, assim que se casou aos 20 anos, tentou ter filhos, mas até então não havia tido sucesso.

Em entrevista ao UOL por telefone, Fernanda disse que depois do parto passou a ficar o tempo todo com as gêmeas.

Ela e a mãe Maria da Glória estão no mesmo quarto. “A família está unida. Minha mãe disse que a emoção do parto foi a mesma do dia em que colocou os embriões”.

Segundo ela, as gêmeas estão bem e não precisaram ficar em incubadoras. “Elas estão saudáveis, mas ainda precisam de acompanhamento e devemos passar mais uma ou duas noites no hospital”.

Fernanda diz que as filhas estão se alimentando com leite especial indicado pelo pediatra e também há tentativas de amamentação pelo leite de Maria da Glória.

Como o parto foi bem-sucedido, a avó já recebeu alta e poderá sair do hospital nesta quarta-feira (9).

As gêmeas ainda passarão por uma avaliação médica, que definirá a data da alta das duas. “Estamos tranquilos, as duas precisam ganhar um pouco de peso e agora nossa prioridade é o desenvolvimento delas”.

Registro é autorizado

Antes do parto, uma preocupação dos novos pais era o registro das filhas. Como a gestação ocorreu por barriga de aluguel, a família precisaria de uma autorização judicial para que a certidão de nascido vivo, documento emitido pelo hospital onde ocorre o parto, saísse no nome dos dois.

Sem o aval da Justiça, o hospital não poderia emitir o documento nos nomes de Fernanda e Allen, mas, sim, no nome da mãe que deu à luz aos bebês.

Para evitar o imbróglio, Fernanda e o marido acionaram protocolaram um processo na comarca do Tribunal de Justiça, em Santa Helena de Goiás, a 200 quilômetros de Goiânia, mas até segunda-feira não tinham recebido a resposta.

Segundo ela, a boa notícia chegou nesta terça-feira (8), um dia após o fim do recesso do judiciário. Fernanda contou que os trabalhos na comarca voltaram e o processo foi avaliado por um juiz, que emitiu parecer favorável para que os pais biológicos sejam nomeados na certidão de nascido vivo das gêmeas.

“Já avisamos os profissionais do hospital sobre a decisão e todos estão no apoiando”, comemora Fernanda, que com a documentação poderá registrar as filhas imediatamente.

“Vou poder tirar licença maternidade para cuidar delas e também incluí-las no plano de saúde e em todos os benefícios que tenho direito como funcionária pública e mãe”.