"É uma medida drástica", diz padre Lancellotti ao criticar internação compulsória em SP
O padre Julio Lancellotti, da Pastoral de Rua da Arquidiocese de São Paulo, criticou nesta segunda-feira (21) a internação compulsória de usuários de crack durante o lançamento do programa de internação compulsória de viciados em drogas, do Governo do Estado. Para o padre, o tratamento ambulatorial oferecido pelo governo é insuficiente.
"É uma medida drástica, feita no final do processo. Por que não colocar um Caps [Centro de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas] em cada bairro ou psiquiatras e equipes médicas em todas as periferias? Não seria mais fácil tratar dependentes químicos desta maneira?", afirmou. "O leito é para dormir. O que o dependente precisa é de atenção psicossocial."
Lancellotti também ressaltou que não existe nenhum tratamento infalível, uma vez que, segundo ele, o problema não é a droga, mas a vida muitas vezes miserável que leva as pessoas a consumirem o crack.
A Pastoral de Rua e a Frente Drogas e Direitos Humanos de São Paulo fazem protesto no Cratod (Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas do Estado), onde juízes farão plantão, a partir de hoje, para autorizar ou não pedidos de internação compulsória de dependentes químicos.
A iniciativa é uma parceria entre o governo do Estado, Tribunal de Justiça, Ministério Público Estadual, OAB-SP e Defensoria Pública.
O governo estadual diz que tem cerca de 700 leitos no Estado para atender os usuários. Para a internação compulsória acontecer, é necessário que um médico assine um documento indicando que o usuário precisa ser internado, mesmo contra a vontade. A Justiça decide se isso deve ou não ser feito.
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