22 cães e gatos aparecem mortos no interior de São Paulo; suspeita é de envenenamento
Desde o começo de janeiro, pelo menos nove cães e 13 gatos foram encontrados mortos nas cidades de Piracicaba e Águas de São Pedro. A suspeita, confirmada em pelo menos um dos casos, é de que os animais tenham sido envenenados com chumbinho.
O último animal morto, um gato, foi encontrado na nessa segunda-feira (21), em Piracicaba. A Polícia Civil investiga o caso. Se identificado, o autor do crime pode ser condenado à detenção de até um ano e quatro meses.
Segundo o investigador Marcelo Bonfate, responsável pela delegacia de Águas de São Pedro, foram registrados dois boletins de ocorrência, dando conta da morte de seis animais, e a polícia trabalha agora para identificar o autor. “Temos algumas pistas, mas nada de concreto ainda. Será aberto um inquérito”, disse ele.
Segundo a ONG (organização não governamental) Andarilhos de Quatro Patas, que atua nas cidades, no ano passado pelo menos 50 felinos foram envenenados com chumbinho em Águas de São Pedro.
Em Piracicaba, nos últimos 30 dias quatro felinos foram encontrados mortos na rua Luis Zanin, no bairro Altos. A denúncia foi feita por moradores do local, que encontraram os animais caídos na rua ou agonizando.
No ano passado, o cemitério da Saudade foi palco da morte de pelo menos 45 felinos. A Sociedade Piracicabana de Proteção aos Animais chegou a entrar com uma representação no Ministério Público contra a Prefeitura de Piracicaba por conta das mortes. O inquérito ainda está em andamento.
A vice-presidente da ONG, Valquíria Marques, 40, informou que, na maioria das vezes, são gatos de rua, mas que os cachorros eram animais bem tratados e com donos.
"Há anos envenenam gatos na cidade, só que de tempos em tempos o problema se intensifica. No ano passado foram em torno de 50 gatos envenenados”, disse. “O problema é que é muito fácil deixar o veneno na rua. Eles agem na calada da noite”, disse.
Nina
Uma moradora em Águas de São Pedro que pediu para não ser identificada registrou um boletim de ocorrência após sua cachorra, chamada Nina, morrer depois de comer uma salsicha envenenada.
Ela conta que andava pela rua com o animal quando ela comeu um pedaço do alimento e que a morte foi quase imediata. "Eu achei que fosse uma fruta, fiquei de olho para ver se ela não iria engasgar. Na volta para casa, dez minutos depois, ela começou a passar mal, com parada respiratória e a língua ficou roxa", conta.
Ela levou Nina a um veterinário, que constatou o envenenamento. Depois disso, ela foi ao local e recolheu os restos da salsicha com veneno, que enviou para a Vigilância Sanitária para análise. O laudo ainda não foi divulgado.
Ação
Em Águas de São Pedro, cidade que concentra a maior parte das mortes, a ação do “serial killer” de animais fez a Guarda Municipal intensificar as rondas, especialmente no Jardim Porongaba, onde, desde o começo do ano, nove cachorros foram mortos. Em Piracicaba, a Guarda Municipal também intensificou o patrulhamento.
Segundo relato de moradores de ambas as cidades, já foram encontradas pelas ruas da região bisnagas de patê, aparentemente recheada de chumbinho, e os animais estariam sendo envenenados com salsichas jogadas nas casas ou nas ruas, recheadas de chumbinho.
Em Águas de São Pedro, o material foi encontrado na praça das Águas, mesmo local onde alguns animais foram encontrados mortos por envenenamento. Em Piracicaba, nas imediações do bairro Altos, onde os gatos foram encontrados.
Superlotação
Silvia Helena Ferrero, presidente da ONG, explicou que, em Águas de São Pedro, há superpopulação de gatos e não existe na cidade uma política de castração ou um CCZ (Centro de Controle de Zoonoses), o que agrava o problema.
Para tentar resolver o problema, a Vigilância Sanitária de Águas de São Pedro vai fiscalizar estabelecimentos da cidade para coibir a venda do veneno conhecido como “chumbinho”, que tem comercialização proibida.
A prefeitura firmou ainda um convênio com a clínica veterinária com o objetivo de castrar animais de rua e de propriedade de pessoas de baixa renda, e, dessa forma, manter o controle da procriação na cidade.
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