Diretor, advogado e ex-funcionária creem que "grosseria" de chefe de UTI em Curitiba pode ter motivado denúncias
O diretor clínico do Hospital Evangélico de Curitiba, o pediatra Gilberto Pascolat, crê ser “extremamente possível” que a personalidade “exigente” e “ríspida” da médica Virginia Helena Soares de Souza possa ter dado origem às denúncias que a colocaram na cadeia, suspeita de “antecipar mortes” na UTI (unidade de terapia intensiva) da instituição, que chefiava desde 2006.
“Ela é uma profissional muito exigente, e por conta disso acabava sendo ríspida com quem não conseguia fazer o que ela achava preciso. Isso pode ter gerado raiva e algum desejo de vingança”, falou.
Segundo Pascolat, o hospital já recolheu reclamações quanto à rispidez de Virginia feita por colegas médicos e outros funcionários. “Mas não há uma única queixa de maus tratos a pacientes.”
“Há um clima de paranóia, estão fazendo acusações absurdas contra ela, parece haver motivação pessoal”, argumentou, referindo-se à onda de denúncias de familiares de pacientes e funcionários do hospital (boa parte delas anônima), na imprensa, que se seguiu à prisão preventiva da médica, na terça-feira (19).
“Ninguém sabe ainda se ela é culpada ou não, mas já há um clima de linchamento. Se alguém sabia que problemas aconteciam há dois anos, por que não veio a público antes dizer? Por que não avisou a direção do hospital?”, desabafou. "É bom lembrar que quem sabia e ficou calado pode ser cúmplice de homicídio [se Virginia for considerada culpada]. Quem está falando não percebe que pode estar até se complicando, pois teria testemunhado assassinatos e ficaram quietos.”
“Ela era grossa e estúpida. Mas isso não é crime”
Uma ex-funcionária da morgue (setor responsável por recolher os corpos de pacientes que morrem durante o tratamento) do Hospital Evangélico lembra-se de Virginia como uma “pessoa enérgica”. “Quando se dizia que ela estava na UTI, já entrávamos com medo. Nunca tive problemas com ela, mas ouvia todos dizeram que era grossa e estúpida, não tinha jeito para lidar com as pessoas”, diz a mulher, que deixou a instituição há alguns anos.
“Mas isso não é crime, é?”, argumenta. “Nosso contato com os médicos era pouco, mas nunca vi nem ouvi nada que me fizesse suspeitar das mortes que ocorriam na UTI. Mas acredito que muita gente ali no Evangélico não gostava dela (Virginia).”
As declarações de Pascolat e da ex-funcionária da morgue vão ao encontro do que sugeriu o advogado da médica, Elias Mattar Assad, logo que assumiu o caso. “[No Evangélico] Existem duas facções de funcionários lá dentro, mais antigos e mais novos, que não se dão. Há uma guerra fria, ou uma paz fria, lá dentro. Há uma tensão interna muito grande, que pode ter feito aflorar ressentimentos com relação à médica”, falou, na terça.
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