Famílias criam associação para representar parentes de vítimas de tragédia de Santa Maria em processos

Cerca de 190 familiares de vítimas do incêndio da boate Kiss e outros 20 sobreviventes da tragédia formalizaram nesta sábado (23) a criação de uma associação que irá representá-los em futuros processos criminais e de indenização.

A assembleia do grupo lotou o ginásio do Colégio Marista Santa Maria, com capacidade para 700 pessoas. Famílias inteiras aproveitaram a reunião para lembrar dos parentes mortos vestindo camisetas e ostentando cartazes. Na próxima quarta-feira (27) a tragédia, que matou 239 pessoas em janeiro deste ano, completa um mês.

O presidente da comissão de organização, Aderbal Alves Ferreira foi aclamado presidente da Associação de Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM).

“Nosso objetivo é unir e nos aconchegarmos num momento de muito sofrimento. Vamos mover sim uma ação coletiva de indenização, mas não é o momento de falarmos sobre isso”, disse.

Na segunda-feira (25), a direção da AVTSM, composta por 15 pessoas, vai a Porto Alegre participar de uma reunião com a Defensoria Pública do Estado. O órgão vai auxiliar a associação a encontrar as melhores alternativas de ação coletiva.

“Nosso papel é dar apoio às famílias. Mas, no nosso entender, há fortes indícios da responsabilidade de entes públicos na tragédia”, disse o dirigente do núcleo de Direitos Humanos da Defensoria Pública, João Carmona Paz.

Segundo ele, a Defensoria vai buscar indenização coletiva por danos morais contra os sócios da boate, contra a prefeitura de Santa Maria e contra o Estado. Paz informou que a ação será movida brevemente, em no máximo duas semanas.

Paz também informou que os casos urgentes, de famílias que perderam pessoas importantes para a geração de renda, terão um tratamento diferenciado. O defensor explicou que as famílias em dificuldades financeiras devido à tragédia terão direito ao benefício da tutela antecipada, com repasse de valores por parte dos culpados antes do julgamento da ação.

Na assembleia, os familiares das vítimas também aprovaram uma moção de repúdio à ação de indenização movida pela Associação Nacional pelo Cumprimento das Obrigações Legais (Anecol) no dia 4 de fevereiro. A moção confirma que a Anecol não representa os familiares das vítimas.