Bruno é condenado no Dia da Mulher três anos após dizer ser normal agressão a parceira
O goleiro Bruno Fernandes foi condenado pelo Tribunal de Júri de Contagem (região metropolitana de Belo Horizonte) na madrugada desta sexta-feira (8), Dia Internacional da Mulher, três anos depois de uma declaração polêmica, na qual afirmou ser normal trocar socos com a parceira.
“Quem nunca saiu na mão com sua mulher?”, disse Bruno em 6 de março de 2010, ao ser questionado sobre um episódio de agressão mútua entre o jogador Adriano e a noiva dele. A declaração, feita três meses antes da morte de Eliza Samudio, pegou mal e obrigou o goleiro a se retratar.
Relembre: "Qual de vocês aí que nunca saiu na mão com uma mulher?"
Dois dias depois, no Dia da Mulher, ele pediu desculpas, citando suas duas filhas. “Eu fui muito mal interpretado, talvez não tenha usado o termo certo na declaração. Peço desculpas a todos pelo que foi dito. Tenho filhas e as amo muito. Todas as mulheres merecem carinho.”
Agressões recorrentes
De acordo com o Ministério Público, Bruno agrediu Eliza mais de uma vez antes de planejar o sequestro e morte dela. A primeira agressão ocorreu em julho de 2009, no hotel Barrabela, no Rio de Janeiro. Na ocasião, o goleiro a teria ameaçado de morte caso ela não abortasse o bebê.
Um mês depois, quando a vítima estava hospedada no hotel Transamérica, também no Rio, o goleiro fez novas ameaças de morte e agrediu Eliza fisicamente, segundo a denúncia do MP.
Na primeira semana de setembro de 2009, a modelo teve um sangramento por conta da gravidez e foi internada no hospital Leila Diniz, no Rio. Ao avisar Bruno do ocorrido, foi novamente destratada e ameaçada de morte.
Na madrugada de 13 de outubro de 2009, Eliza foi seqüestrada por Bruno e dois amigos na porta da casa onde estava morando com uma amiga, no Rio. Com a ajuda de Luiz Henrique Romão, o Macarrão, e outro amigo, o goleiro atraiu a modelo para dentro do carro dele e, no automóvel, apontou-lhe uma pistola, deu tapas no rosto dela.
Em seguida, os três a levaram para o apartamento dele na Barra da Tijuca. Lá, o grupo obrigou Eliza a ingerir medicamentos abortivos. Segundo a denúncia, Eliza ficou dopada por quase 12 horas.
Ao se recuperar, ela foi até uma delegacia de polícia denunciar o goleiro pela agressão. Uma equipe de reportagem do jornal “Extra” entrevistou a modelo na porta da delegacia, que relatou as agressões.
Depois desse episódio, Eliza se mudou para São Paulo, onde foi morar na casa de uma amiga até o nascimento da criança.
Lei Maria da Penha
Após o desaparecimento da modelo vir à tona, organizações feministas acusaram a Polícia Civil de não fazer cumprir a lei Maria da Penha, que prevê a detenção dos agressores de mulheres e determina que estes não se aproximem das agredidas.
Durante a sessão na qual Bruno foi condenado, o promotor Henry Wagner de Castro citou o Dia da Mulher para sensibilizar o Conselho de Sentença, composto por cinco juradas e dois jurados. “As senhoras merecem rosas. Merecem rosas pelo Dia Internacional da Mulher. Rasguem as vendas dessa defesa descomprometida.”
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