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Médica acusada de abreviar vida de pacientes nega acusações e desqualifica testemunhas

Virginia Helena Soares de Souza, médica chefe da UTI do hospital Evangélico de Curitiba (PR) - Henry Milléo/Gazeta do Povo/Futura Press
Virginia Helena Soares de Souza, médica chefe da UTI do hospital Evangélico de Curitiba (PR) Imagem: Henry Milléo/Gazeta do Povo/Futura Press

Do UOL, em São Paulo

10/03/2013 23h07

Em entrevista concedida ao programa "Fantástico", da "TV Globo", a médica Virgínia Soares de Souza, acusada de homicídio qualificado por abreviar a vida de pacientes do Hospital Evangélico em Curitiba (PR), negou que tenha sido imprudente no tratamento das pessoas que iam para a UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e disse que algumas testemunhas do caso não são qualificadas o suficiente.

"As testemunhas não sabem o que estão falando, pois não são médicas", disse . De acordo com o programa, Virgínia respondeu às perguntas da produção em um gravador durante uma visita de seu advogado de defesa. Segundo ela, a motivação de algumas testemunhas foi vingança, pois muitas delas tinham sido demitidas.

A médica Virgínia Soares de Souza está presa no CT1 (Centro de Triagem 1), localizado em Curitiba (Paraná), na região central da cidade.

Virgínia comentou alguns dos trechos usados pela acusação contra ela. Em um deles, em que ela cita o termo "desentulhar", a médica diz que escolheu mal as palavras e que não queria dizer "matar pessoas".

Em outro trecho das escutas da polícia, Virgínia utilizou a expressão "desligar" ao se referir a um paciente. Neste caso, disse a médica, ela estava comentando com um colega o fato de ter parado de administrar alguns remédios por não estarem surtindo efeito nos pacientes.

O caso

A investigação veio a público em 19 de fevereiro, com a notícia da prisão temporária de Virginia Helena Soares de Souza. As primeiras informações davam conta de que ela era suspeita de eutanásia --induzir pacientes à morte a pedido ou com o consentimento deles.

A ação, que envolveu cerca de uma dezena de policiais, recolheu prontuários e documentos com dados sobre internações e mortes na UTI do Evangélico.

"Investigamos a antecipação de mortes dentro da UTI geral. Não falamos em eutanásia. Para nós, trata-se de homicídios", afirmou, no dia seguinte, a delegada Paula Brisola. Segundo ela, Virginia, que dirigia a UTI geral desde 2006, foi indiciada por homicídio qualificado.

No dia 23 de fevereiro, a polícia prendeu outros três médicos. Ao programa "Fantástico", levado ao ar no dia seguinte pela "TV Globo", dois deles se disseram inocentes. Após dois dias, , uma enfermeira que era procurada desde o sábado daquela semana apresentou-se à polícia. À noite, a Justiça decretou o fim do sigilo do inquérito.

Na denúncia que originou a investigação, um ex-funcionário do Evangélico relata que "muitos pacientes do hospital que se encontram em estado de coma, com risco de sequelas ou de demorarem para sair desta situação, têm a frequência respiratória de seus aparelhos diminuída. Após isso, são ministrados medicamentos que bloqueiam as vias respiratórias juntamente com os remédios diários, o que leva, em muito caso, ao óbito do paciente, propositalmente".

No dia 27 de fevereiro, o advogado da médica, Elias Mattar Assad, apresentou pedido de habeas corpus pela liberdade dela. O pedido não será julgado antes da próxima quinta-feira (7) pela 1ª Câmara do Tribunal de Justiça do Paraná.

No dia 4 de março, a polícia entregou o inquérito ao MPE. Nele, indicia Virginia e outros quatro médicos por homicídio qualificado e formação de quadrilha. No próximo dia 11, o MPE irá decidir se apresenta denúncia à Justiça contra os indiciados.