Relatório da polícia é uma "covardia institucional", diz advogado de dono da boate Kiss
O advogado Jader Marques, que representa Elissandro Spohr, o Kiko, um dos sócios da boate Kiss indiciados pela Polícia Civil nesta sexta-feira (22) por homicídio com dolo eventual, afirmou que o relatório do inquérito apresentado pelos delegados do caso é uma “covardia institucional”. A tragédia, ocorrida em janeiro de 2013, deixou 241 mortos em Santa Maria (RS).
Para Marques, apenas os "pequenos" foram indiciados por homicídio doloso (quando há intenção de matar). "Isso preocupa a defesa. Prefeitura, bombeiros e o Ministério Público foram deixados de lado", reclamou.
Delegado mostra vídeos do momento do incêndio na boate Kiss
Na verdade, a Polícia Civil também indiciou por homicídio com dolo eventual a mãe e a irmã de Spohr, Marlene Callegaro e Angela Aurelia Callegaro, o outro sócio da Kiss, Mauro Hoffman, o gerente da boate, Ricardo de Castro Pasche, os integrantes da banda Gurizada Fandangueira Luciano Augusto Bonilha Leão e Marcelo de Jesus dos Santos e os bombeiros Gilson Martins Dias e Vagner Guimarães Coelho, responsáveis pela fiscalização.
Números do inquérito
52 volumes
13 mil folhas
810 oitivas
Spohr, Hofman, Leão e Santos já estavam presos preventivamente e vão continuar detidos na Penitenciária Estadual de Santa Maria.
Marques também reclamou que o promotor Ricardo Lozza, que teria determinado que as aberturas da casa fossem fechadas em função do vazamento de ruído, não foi indiciado.
"O Ministério Público teve atuação direta no fechamento das janelas e das saídas de ar da casa. O MP fotografou as obras realizadas no interior", afirmou.
O defensor ainda não sabe se também irá representar a irmã e a mãe de Kiko na Justiça.
O advogado Mario Cipriani, que representa Mauro Hoffman, também reclamou do relatório apresentado pela polícia.
"Entendemos que o relatório é falho, incongruente. Não representa a apuração da verdade", disse. "A autoridade policial na apresentação não disse qual foi a conduta do Mauro em relação ao evento", completou.
Inquérito emociona parentes
Na apresentação, a Polícia Civil afirmou que 17 testemunhas disseram que Hoffman tinha participação efetiva na administração da Kiss.
"Se eles ouviram 810 pessoas, significa que 793 testemunhas sequer se referiram ao nome do Mauro. Fora o fato de que das 17 que falaram nele, muitas estão sendo investigadas", afirmou. "Temos a certeza da não participação do Mauro na Kiss."
O UOL tentou entrar em contato com o advogado Omar Obregon, que representa os integrantes da banda Gurizada Fandangueira, mas não conseguiu encontra-lo.
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