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Maníaco da Cruz deixa delegacia e vai para hospital de Campo Grande (MS)

Celso Bejarano

Do UOL, em Campo Grande

04/05/2013 19h31

Dyonathan Celestrino, 21, conhecido como o Maníaco da Cruz, está desde a noite de sexta-feira (3) internado na Santa Casa de Campo Grande, maior hospital da cidade. Ele foi apreendido em 2008, aos 16 anos, depois de matar a facadas três pessoas e posicionar os corpos em forma de cruz --daí o apelido. Antes de ser levado ao hospital, ele permanecia isolado numa cela de delegacia.

O rapaz cumpriu medida socioeducativa até março passado, quando escapou e fugiu para o Paraguai. Ele estava internado em Ponta Porã (MS) e fugiu para Horqueta, município paraguaio, onde ele foi capturado. Celestrino trabalhava num lava-jato e morava num quarto de hotel no município.

Em março do ano passado, laudo médico diagnosticou Celestrino como sendo depressivo, esquizofrênico e paciente bipolar. Ele deveria ser mandado para um hospital psiquiátrico, do contrário, segundo a perícia médica, poderia matar mais pessoas.

O governo do Estado de Mato Grosso do Sul alegou que não tinha onde internar Celestrino, situação que ficou sem desfecho até o rapaz escapar, já aos 21 anos. Depois de recapturado, ele foi extraditado para Ponta Porã, cidade sul-mato-grossense separada do Paraguai por uma avenida.

Na quinta-feira (1º), ele foi levado a Campo Grande e submetido a novos exames, cujos resultados ainda não foram divulgados. A ida dele para o hospital da Santa Casa foi determinada ontem pelo juiz Mauro Nering Kaloh.

O rapaz está isolado em uma área que deveria ser ocupada por ao menos três pacientes, situada numa ala do quinto andar do hospital. Somente servidores homens irão cuidar de Celestrino. Três policiais o vigiam o tempo todo. A direção da Santa Casa informou que a medida judicial que ordenou o internamento não diz por quanto tempo o rapaz deve ficar ali. Ele tem sido tratado por um médico psiquiatra.

Disparo

A transferência do rapaz para Campo Grande foi motivada por um episódio ocorrido no fim da semana passada, quando um policial civil foi detido dentro da delegacia em Ponta Porã (MS) por ter disparado um tiro perto do Maníaco da Cruz.

A polícia investiga se o disparo foi ou não acidental. O policial disse em depoimento que, ao aproximar-se da cela de Celestrino, por temê-lo, tirou a arma do coldre e quis guardá-la na altura da cintura, perto das costas. Nesse momento, diz o policial, a arma disparou, mas o tiro não acertou ninguém.

Já o Maníaco da Cruz afirmou que o policial errou o tiro disparado contra ele. O policial recebeu voz de prisão, mas pagou fiança e vai responder pela suspeita em liberdade. A Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) informou que também instaurou uma sindicância para apurar as duas versões.

Vítimas

Entre as vítimas de Celestrino estão um pedreiro de 33 anos, uma frentista de posto de gasolina, de 24, ambos homossexuais, segundo a polícia, e uma estudante de 13 anos. Os crimes ocorreram entre julho e outubro de 2008.

O Maníaco da Cruz matava suas vítimas depois de interrogá-las. Ele perguntava sobre questões religiosas, conceitos morais e também sexuais. Morria quem o rapaz julgava ser "impuro", como as que disseram não ser mais virgens.

Celestrino usava luvas cirúrgicas durante a ação. Primeiro, ele estrangulava a vítima e depois a esfaqueava. A mãe do rapaz, uma professora, mudou de Rio Brilhante, cidade de 30 mil habitantes, logo depois da prisão do filho, por temer ataque da população. Ela visitava Celestrino com frequência no Paraguai, segundo apurou a polícia de Ponta Porã.