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Seis são presos em operação que busca milicianos em região que receberá o papa no Rio

Foram expedidos 16 mandados de prisão, um deles contra um policial militar --que continua foragido--, e 27 de busca e apreensão - adson Marques/Futura Press
Foram expedidos 16 mandados de prisão, um deles contra um policial militar --que continua foragido--, e 27 de busca e apreensão Imagem: adson Marques/Futura Press

Julia Affonso

Do UOL, no Rio

14/05/2013 09h27Atualizada em 14/05/2013 13h13

Seis pessoas foram presas, na manhã desta terça-feira (14), por suspeita de envolvimento com uma quadrilha de milicianos, informou a Secretaria Estadual de Segurança do Rio de Janeiro. A operação Prelúdio 2, da Draco-IE (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais) em conjunto com outras delegacias especializadas e distritais da Polícia Civil, pretende desarticular uma quadrilha de milicianos que atuam em Pedra de Guaratiba, na zona oeste do Rio de Janeiro. A região receberá o papa Francisco na Jornada Mundial da Juventude, em julho.

Foram expedidos 16 mandados de prisão, um deles contra um policial militar --que continua foragido--, e 27 de busca e apreensão. Foram apreendidas 30 máquinas caça-níqueis e uma central clandestina de televisão a cabo foi fechada.

Segundo a Secretaria Estadual de Segurança, as investigações começaram há oito meses e concluíram que uma milícia se formou na região de Pedra de Guaratiba em 2011, explorando os moradores de forma violenta. A quadrilha é liderada pelo policial militar André Amaro Melo. Amaro, como é conhecido na região, seria o terceiro homem na hierarquia da quadrilha do miliciano Toni Ângelo de Souza Aguiar. 

Segundo o delegado responsável pelas investigações, Roberto Leão, os bandidos exigem dos comerciantes e moradores o pagamento de taxas de proteção; monopolizam a venda de cestas básicas e botijões de gás; realizam agiotagem, apropriação ilegal de propriedades e parcelamento irregular do solo urbano; exploram a distribuição ilícita de sinal de TV a cabo e de internet. Além disso, vendem combustíveis de origem clandestina e ainda controlam os jogos de azar (máquinas caça-níquel) na região e os serviços de transporte alternativo (vans e moto táxis). O grupo de milicianos seria responsável ainda pela venda de armas de fogo a outros criminosos.

De acordo com o delegado Roberto Leão, a quadrilha, sob uma alegação de falsa proteção, subjuga e aterroriza a população local. As investigações apontaram que a quadrilha comete assassinatos de moradores que não se submetem às suas regras, assim como as testemunhas de seus delitos ou ainda de possíveis criminosos que teriam atuado na região.

“Desarticular esse bando é fundamental no combate à milícia na cidade. Os moradores, que mais sofrem com as ações violentas desse grupo, terão mais tranquilidade. O grupo também terá um grande impacto financeiro com a paralisação de suas atividades. E seu enfraquecimento é importante no combate às milícias da zona oeste”, disse o delegado.

A operação tem apoio da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança, da Primeira Central de Inquéritos do Ministério Público Estadual e da Corregedoria da Polícia Militar. Segundo o delegado Roberto Leão, a operação não tem relação com a vida do papa ao Rio e faz parte de uma investigação iniciada a partir de denúncias de moradores.

"Essa milícia é uma ramificação de outra mais crítica que atua em Campo Grande [zona oeste] e é liderada pelo Toni. Sabemos que eles também faziam adulteração de gasolina. Não eram donos de postos específicos, mas compravam combustível, adulteravam e vendiam no varejo da região", explica o delegado.