Comércio reabre no Complexo do Alemão após mais uma noite de tiroteio
Os moradores do Complexo do Alemão, maior conjunto de favelas da zona norte do Rio de Janeiro, tentam retornar à rotina, nesta sexta-feira (24), depois de o comércio e as escolas da região fecharem durante toda a quinta-feira (23) em razão de um toque de recolher imposto por traficantes da região. Segundo a CPP (Coordenadoria de Polícia Pacificadora), a maioria dos lojistas abriu as portas no início desta tarde.
No decorrer da última madrugada, houve mais uma troca de tiros no alto das comunidades da Grota e da Pedra do Sapo, o que fez com que muitos comerciantes optassem por não abrir as portas na manhã desta sexta-feira. O tiroteio teria ocorrido por volta das 20h, segundo a CPP, mas não houve registro de confronto com a PM. O efetivo policial foi reforçado por tempo indeterminado no Alemão e no Complexo da Penha.
A Polícia Civil afirmou que um inquérito foi aberto para investigar se o fechamento do comércio pode ser atribuído, de fato, a uma determinação do crime organizado local. A suposta ordem do tráfico seria em resposta à morte de Anderson Simplício de Mendonça, o "Orelha", 29, resultante de um confronto entre policiais da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) local.
"Autuamos uma pessoa em flagrante ontem e estamos com um inquérito em curso, para identificar quem foram os autores da ordem de fechar as portas”, afirmou um inspetor da o inspetor da 22 ª DP, que se identificou apenas como Luiz Carlos.
Segundo a CPP, o toque de recolher é uma forma do tráfico tentar desestabilizar as UPPs instauradas na região. "Infelizmente, o medo dos traficantes ainda existe e eles se utilizam disso para demonstrar uma força que vem sendo perdida desde a chegada da polícia neste território. Os criminosos fazem guerra psicológica, espalhando boatos que se alastram rapidamente, prejudicando o funcionamento do comércio e escolas na região", informou a coordenadoria, em nota.
Falta de luz
O Complexo do Alemão também amanheceu com relatos de problemas de fornecimento de energia elétrica. No Twitter, moradores relataram quedas de energia e interrupção do serviço em diversas áreas das comunidades. A Light confirmou a existência de ocorrências pontuais, e disse que o fornecimento de energia está sendo normalizado em todo o Complexo do Alemão.
Já a Secretaria Estadual de Educação informou que apenas a Escola Estadual Jornalista Tim Lopes, em Ramos, segue com as aulas suspensas em razão da baixa frequência de estudantes. As outras escolas da região e a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) funcionam normalmente.
Conflitos pós-UPP
O Complexo do Alemão foi ocupado pela polícia em novembro de 2010 e recebeu a primeira UPP em abril de 2012, passando por um longo período de ocupação da Força de Pacificação, articulada pelo Exército, que deixou o conjunto de favelas gradualmente até julho de 2012.
Apesar das quatro UPPs instauradas no local, o Complexo do Alemão segue sendo uma das comunidades mais conturbadas da cidade.
Disque-Denúncia do Rio de Janeiro oferece R$ 5.000 por prisão do traficante Luciano Martiniano da Silva, conhecido como Pezão
O primeiro caso foi no dia 23 de julho de 2012, quando a policial Fabiana Aparecida de Souza, 30, foi morta após um ataque de 12 homens armados à sede da UPP na favela de Nova Brasília, uma das comunidades que compõem o Complexo do Alemão.
No dia 20 de outubro, um tiroteio entre criminosos e policiais militares da mesma comunidade deixou uma menina de 12 anos ferida ao ser atingida por estilhaços de tiros. No dia 28 de novembro, mais uma vez o policiamento foi reforçado após intensa troca de tiros entre policiais militares e criminosos, que resultou na morte de um suspeito foi morto.
No dia 3 de maio deste ano, o policiamento voltou a ser reforçado na região depois que um tiroteio entre facções rivais assustou os moradores. No dia 25 de abril, outro tiroteio chegou a interromper o transporte no teleférico que atende à comunidade, atingido pelas balas.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.