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Diretor da CET sugere ampliação do rodízio em 2014, mas especialistas criticam medida

Marivaldo Carvalho

Do UOL, em São Paulo

24/05/2013 18h31

O diretor de Planejamento e Educação da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), Tadeu Leite Duarte, sugeriu na sexta-feira (24) que a ampliação das ruas ondem vigoram o rodízio municipal de veículos possa acontecer na cidade de São Paulo entre janeiro e fevereiro de 2014.

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Duarte participou do estudo que aponta que, ao ampliar o rodízio municipal para 178 vias da capital paulista, o que equivale a 240 km, diminuiria em 20% o congestionamento na cidade. De acordo com ele, primeiro a prefeitura deve dar uma alternativa para melhorar a velocidade dos ônibus, oferecer deslocamento no transporte público, melhorar a qualidade dos semáforos, instalando 6.000 cruzamentos interligados para, a partir daí, ampliar o rodízio.

"Com o transporte público de qualidade, as pessoas ganham mais tempo para o lazer", afirma. Segundo Duarte, quando o transporte público estiver funcionando bem, haverá uma alternativa. "Acreditamos que a partir de setembro estejamos com um transporte melhor, eles [motoristas] vão deixar um dia da semana o carro em casa", diz o diretor.

Mapa mostra onde o rodízio vigora atualmente na cidade de SP

Especialistas criticam medida

Para o palestrante em segurança de trânsito e engenharia de transportes, Horácio Augusto Figueira, a ampliação do rodízio na cidade não vai diminuir os congestionamentos. "Isso não dura um mês. Imagine a confusão. A prefeitura está tentando resolver o caminho para o carro, para depois resolver para o ônibus. Sabe o que a prefeitura tem que fazer? Implantar faixa exclusiva o tempo todo, não só no horário de pico, com isso, não é necessário ampliar o rodízio", afirma Figueira.

O coordenador de pós-graduação em engenharia de transportes na USP, Claudio Barbieri da Cunha, diz que difícil fazer uma previsão se vai diminuir o congestionamento 20%. "A única das medidas que surge um efeito temporário é a ampliação do rodízio." Porém, faz uma ressalva; "Isso vai fazer com que as ruas onde moramos, virem corredores de carros e caminhões. Vai prejudicar ainda mais a saúde das pessoas. Será que é isso que a gente quer para São Paulo?", questiona.

Cunha afirma que até onde a prefeitura precisa chegar restringindo e jogando carro em via que não tem essa finalidade. "As pessoas  andam de carro porque falta transporte público de qualidade. É uma medida paliativa e que tem alguns efeitos que nem sempre as pessoas percebem", diz.

Para engenheiro e mestre em transportes, Sergio Ejzenberg, a medida é impraticável. "Quem vai decorar o nome de 178 ruas? Essa proposta é péssima, o resultado é ruim. Não tem sentido", afirma. Sobre o estudo apontar que a prefeitura vai reduzir em até 20% a lentidão, Ejzenberg é enfático: "É um resultado superestimado, a frota nunca está toda na rua."

O engenheiro comparou a situação como a que ocorreu na avenida dos Bandeirantes, onde houve a restrição de caminhão e o caos que causou na região do Morumbi, zona sul da cidade. "Para fugir do rodízio, o motorista vai procurar as vias alternativas em áreas residenciais, o que vai causar insegurança e desassossego", diz Ejzenberg.

Exemplos de vias que seriam abrangidas pelo novo modelo

Trânsito em São Paulo
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