Dois policiais do Denarc procurados por extorquir traficantes se entregam em SP
Os policiais Gilson Iwamizu dos Santos, 39, e Jandre Gomes Lopes de Souza, 39, se entregaram na sede da Corregedoria da Polícia Civil nesta quarta-feira (17) em São Paulo, segundo a SSP (Secretaria de Segurança Pública). Os dois e outros 11 policiais tiveram a prisão preventiva decretada por suposta participação em um esquema de cobrança de propina a traficantes.
De acordo com a SSP, Gilson e Jandre atuavam como investigadores na 3ª Delegacia da Divisão Especial de Apoio ao Demacro do Denarc (Departamento Estadual de Repressão ao Narcotráfico). Eles foram encaminhados para o presídio da Polícia Civil.
Até agora nove policiais, sendo sete investigadores e dois delegados, do Denarc foram presos em uma operação deflagrada na última segunda-feira (15) pela Corregedoria da Polícia Civil e pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público. Quatro ainda estão foragidos.
Segundo a investigação do MP, 13 policiais civis, sendo 11 da capital e dois de Campinas, são suspeitos de receberem um pagamento mensal de traficantes e também um valor anual que chegava a R$ 300 mil. Após a operação, a Secretaria da Segurança destacou que o Denarc será reestruturado.
Os policiais presos irão responder por formação de quadrilha armada, roubo, tortura e extorsão mediante sequestro, segundo o promotor Amauri Silveira Filho.
O promotor afirmou que os policiais investigados por ligação com a quadrilha do narcotraficante Andinho cobravam "de R$ 200 mil a R$ 300 mil por ano, além de uma mensalidade em um valor pouco menor, de cerca de R$ 30 mil, em propina para facilitar o tráfico na região”. Andinho cumpre pena de mais de 400 anos de prisão no presídio de segurança máxima de Presidente Venceslau desde 2002, mas segundo o MP, ainda comanda o tráfico na região.
Investigadores se calam em depoimento
Os promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público, em Campinas (93 km de São Paulo), ouvem nesta quarta-feira os dois investigadores do 10º Distrito Policial da cidade, Renato Peixeiro Pinto e Mark de Castro Pestana, e os dois delegados do Departamento Estadual de Repressão ao Narcotráfico (Denarc) de São Paulo, Clemente Calvo Castilhone Júnior – chefe de inteligência o departamento - e Fábio Amaral de Alcântara, da 3ª Delegacia de Apoio.
Por determinação do advogado Ralph Tórtima Sttetinger Filho, os dois investigadores de Campinas ficaram em silêncio durante o interrogatório. Antes de deixar a sede do Gaeco, na Cidade Judiciária, o defensor explicou que passou essa orientação para os dois clientes porque ainda precisa analisar todo o processo para preparar as estratégias de defesa. "Eu recomendei que eles ficassem em silêncio, uma vez que ainda não consegui analisar todo o processo. São 10 volumes e enquanto não souber de todas as acusações que recaem sobre eles prefiro que não se manifestem", disse Sttentinger Filho.
Ainda segundo o advogado, apenas o delator, um traficante, diz que os dois policiais de Campinas são suspeitos de terem recebido propina de traficantes ligados a Wanderson Nilson de Paula, o Andinho. "Apenas um delator faz essa afirmação ao Ministério Público e trata-se de um traficante. Além disso, também é preciso avaliar a legalidade dessas interceptações telefônicas. Mesmo com autorização da Justiça, as interceptações são questionáveis do ponto de vista legal", afirmou.
O chefe da Inteligência do Denarc, Clemente Calvo Castilhone Junior, e o delegado do departamento Fábio Ancântara, que estão entre os policiais civis de São Paulo presos na operação, também são ouvidos pelos promotores em Campinas. O advogado de defesa de Clemente Calvo Castilhone Junior, João Batista Augusto Junior, e os advogados de Fábio Ancântara, Márcio Sayed e Rodrigo Ventunole, acompanham os depoimentos dos clientes.
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