Em Nova Lima (MG), alto desenvolvimento humano mascara alta desigualdade

A divulgação do IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal) de 5.566 cidades brasileiras nesta segunda-feira (29) pelo Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) trouxe à tona o debate sobre os melhores lugares para viver no país, onde haja bom nível de educação, saúde e renda. Mas um alto IDHM não é sinônimo de qualidade de vida para todos os habitantes, pois pode esconder um passivo da sociedade brasileira: a desigualdade.

A cidade mineira de Nova Lima, localizada na divisa com Belo Horizonte, tem o maior IDHM do Estado: 0,813. Esse índice a coloca na 17ª posição no seleto grupo de 44 municípios brasileiros com desenvolvimento humano “muito alto”, segundo os critérios do Pnud. Porém Nova Lima também é uma das campeãs brasileiras de desigualdade.

Está na 43º colocação na concentração de renda, com índice de Gini (que mede a desigualdade de distribuição da riqueza) de 0,68, sendo o 0 a igualdade total de renda e 1, a desigualdade máxima.

A cidade tem em seu território minas de ouro e condomínios de alto padrão onde moram pessoas ricas que trabalham em Belo Horizonte. A matriz da Iveco/Fiat também está no município. São fatores que puxam o IDHM para cima. Lá, a renda média per capita é de R$ 1.731,84 por mês, a expectativa de vida ao nascer é de 78,1 anos e 65,9% da população adulta tem pelo menos o ensino médio completo.

Mas os benefícios são distribuídos de forma desigual pela população. A concentração de renda em Nova Lima é maior até do que a do Lesoto, país africano campeão mundial de desigualdade, com índice 0,63. O Brasil, hoje o 17º país mais desigual do mundo, tem índice de Gini 0,51.