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Após fumaça tóxica, força-tarefa fiscaliza depósitos de fertilizantes em SC

Renan Antunes de Oliveira

Do UOL, em Florianópolis

30/09/2013 16h33

Uma força-tarefa formada por órgãos dos governos Federal e de Santa Catarina começaram nesta segunda-feira (30) a fiscalizar fábricas e depósitos de fertilizantes em portos e outras cidades catarinenses. A medida veio como reação ao acidente ambiental que produziu uma nuvem tóxica no porto de São Francisco do Sul (189 km de Florianópolis), extinta na sexta-feira (27) pelos bombeiros depois de 57h.

Inspetores do Ministério da Agricultura já começaram as vistorias em quatro cidades onde também existe a atividade, Araquari, Imbituba, Mafra e Joaçaba, segundo André Valim, da superintendência do órgão no Estado.

Técnicos da Fatma (Fundação de Amparo ao Meio Ambiente do Estado) apuram junto às prefeituras se os depósitos estão em áreas industriais ou residenciais --no caso da Global Logística, empresa onde estava o armazém que produziu a fumaça tóxica que assustou o Sul do Brasil por três dias, há uma disputa na Justiça desde janeiro para determinar se ela ocupa parte de uma área residencial.

Pelo porto de São Francisco do Sul passam 76% dos fertilizantes usados na agricultura do Estado. Entretanto, o material que produziu o acidente ambiental, era importado da Ásia e se destinava a indústrias de Minas Gerais.

A causa da reação química ainda está sendo investigada, sem prazo para conclusão. Participam da investigação o IGP (Instituto Geral de Perícias do Estado), a Polícia Ambiental Militar, o Corpo de Bombeiros, a Polícia Federal e a Sema (Secretaria Municipal de Meio Ambiente).

Três dias depois de extinta a fumaça, a população já voltou para suas casas. Comércio, escolas e repartições públicas reabriram. No domingo, até o casamento dos francisquenses Bianca Kitto e Rafael Jacob foi realizado a céu aberto no centro histórico da baía da Babitonga --celebração que tinha sido cancelada pelos noivos sob a fumaça e remarcada às pressas assim que ela se dissipou.

Incêndio sem fogo

O acidente ambiental começou às 23h da terça (24). As 10 mil toneladas de fertilizantes à base de nitrato de amônia, estocadas pela Global Logística num galpão de 5.000 m², sofreram uma reação química confundida com fogo, pela fumaça que causava. O primeiro bombeiro na cena foi a tenente Juciane May. "A fumaça nunca provocou calor, então a gente sabia que era um acidente ambiental."

Dois milhões de litros de água foram usados para conter a reação. Os rejeitos foram jogados num piscinão improvisado. 

A Sema leva os resíduos para um depósito industrial em Joinville (30 km de Florianópolis), operação que deve durar toda semana. Técnicos estão monitorando o chorume que escorre do piscinão para avaliar a contaminação do solo. Até esta segunda-feira nada foi reportado pelo órgão.

Mesmo com a evacuação das pessoas residentes próximas do ponto zero do acidente, 157 sofreram algum desconforto pela inalações da fumaça e foram atendidos em hospitais locais. 

O único com intoxicação grave foi o bombeiro David Marcelino, 59, colhido pela fumaça num momento em que o vento virou. Ele foi levado desmaiado para o Hospital Regional de Joinville, onde permaneceu quatro dias na UTI. Ele já está fora de perigo e deve ter alta na quarta-feira, segundo informações da assessoria do hospital.