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Polícia de SP libera uso de balas de borracha para reprimir vandalismo em protestos

Larissa Leiros Baroni

Do UOL, em São Paulo

08/10/2013 16h55

Após mais um protesto marcado por violência na capital paulista na noite de ontem (7), o secretário da Segurança Pública do Estado, Fernando Grella Vieira, disse nesta terça-feira (8) estar liberado o uso de balas de borracha, que tinha sido proibido em junho deste ano. O ato havia sido conclamado para apoiar a greve dos professores que ocorre no Rio de Janeiro desde 8 de agosto. Também na cidade fluminense houve confrontos e cenas de quebra-quebra.

"A função da Polícia Militar é manter a ordem pública e garantir que as manifestações sejam pacíficas, mas, quando o protesto é ocupado por vândalos, é liberada a força progressiva contra este grupo e, se necessário, o uso da bala de borracha", disse ele, que enfatizou que a ação será apenas contra quem partir para o vandalismo, não contra os ativistas em geral.

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A PM, segundo o secretário, só vai agir de forma mais truculenta diante de distúrbios e atos de depredação. O secretário também foi questionado se tentaria proibir o uso de máscaras durante os protestos, conforme ocorreu no Rio de Janeiro. "Isso é irrelevante. A missão da SSP é combater o vandalismo."

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), havia anunciado a proibição do uso de balas de borracha em manifestações públicas no dia 17 de junho, cinco dias depois de um protesto contro o aumento do transporte público que acabou com 15 jornalistas feridos. 

Na ocasião, muitos policiais foram acusados de abuso de poder e, segundo Grella, as investigações sobre essas denúncias continuam sendo conduzidas pela Corregedoria da PM. Ainda assim o secretário não especificou se algum policial já foi punido ou não, tampouco em que fase a investigação está. 

Força-tarefa para punir vândalos

Durante a coletiva de imprensa, o secretário da Segurança Pública também anunciou uma ação conjunta com o Ministério Público para identificação e punição da lideranças desses "grupos de vândalos" que têm atuado nas manifestações em São Paulo. "A força-tarefa será uma via rápida para apurar como esses criminosos agem. E não permitir que fiquem impunes. Basta de vandalismo e baderna."

"Um grupo de trabalho que é integrado pela Secretaria de Segurança Pública, pelo MP e pelas Polícias Civil e Militar para impedir que uma minoria de baderneiros impeça o direito de livre manifestação da população", afirmou Grella, que relatou que a "dinâmica" dos trabalhos ainda vai ser definida pelo grupo, que se reuniu hoje no Fórum da Barra Funda para traçar as estratégias de ação. 

O procurador-geral da Justiça de São Paulo, Márcio Fernando Elias Rosa, disse que o Ministério Publico destacou promotores da área criminal e da infância e juventude para trabalhar nessa força-tarefa "para identificar com maior rapidez aqueles que praticam condutas que colocam em risco o direito à livre manifestação e danos ao patrimônio".

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Um vasto material -- com inquéritos, boletins de ocorrência, vídeos, fotos dos protestos que acontecem desde junho na capital-- será entregue para o MP para que as lideranças do movimento possam ser identificadas e responsabilizadas. "Todos esses dados serão cruzados com informações e dados de outros órgãos para que possamos identificar como eles operam e se articulam para que possamos tomar as devidas medidas judiciais e tomar atitudes preventivas contra a ação deles", disse Rosa. 

Segundo a SSP, o saldo do protesto de ontem foram sete feridos, incluindo um PM que foi atingido por uma bola de aço no rosto. Um homem e uma mulher continuam detidos por danos ao patrimônio público. Eles, como afirmou Grella, foram os responsáveis por destruir um carro da PM.  "Há grandes indícios de eles serem os líderes do vandalismo", completou o secretário, que disse que um deles já teria participado de outros protestos em  São Paulo e, inclusive, no Rio de Janeiro.

Também há ainda outras três pessoas que se aproveitaram dos atos violentos para roubar e foram presas.

Bombas e depredação

Entre as cenas mais chocantes da noite de ontem, um carro da Polícia Civil foi virado de ponta-cabeça. Além da depredação de dezenas de orelhões e oito agências bancárias, um McDonald's foi invadido e um Habib's foi atingido por uma bomba caseira --nos dois casos, na avenida Ipiranga. A estação República do Metrô teve que fechar.

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A confusão começou depois de três morteiros serem lançados contra policiais que protegiam a entrada da secretaria. A PM revidou, jogando bombas de gás lacrimogêneo.
 
Com martelos, pedras e chutes, manifestantes quebraram vidraças de bancos, lojas e lanchonetes, levando ao fechamento de portas por parte dos comerciantes.
 
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse nesta terça-feira (8) que as manifestações com violência ocorridas ontem "passaram do limite" e que "tomará medidas enérgicas". O tucano afirmou que a polícia vai agir com mais rigor para cumprir a lei na proteção das pessoas e vai acelerar as investigações para apontar os culpados pela depredação do patrimônio público e privado.
 
"Esse vandalismo extrapola todos os limites. Isso inclusive afasta as manifestações legítimas com as que ocorreram em julho. É um absurdo verdadeiro", disse Alckmin