Prédio que pegou fogo não tinha alvará e teve atestado negado por bombeiros
O prédio onde se localiza a academia que pegou fogo na região central de São Paulo, na madrugada desta sexta-feira (8), não tinha alvará de funcionamento, segundo a prefeitura, e não foi aprovado por uma vistoria feita pelo Corpo de Bombeiros em março deste ano. Segundo o tenente-coronel Valmir Correa Leite, na época, foram encontradas “três ou quatro irregularidades que fizeram com que nós não concedemos o AVCB (Atestado de Vistoria do Corpo de Bombeiros)”.
Segundo a prefeitura, os responsáveis pela academia não ingressaram com pedido de alvará. Ao pedir o alvará, os responsáveis pela academia teriam de apresentar, entre outros documentos um AVS (Auto de Verificação de Segurança) do Corpo de Bombeiros específico para a academia.
Nos registros verificados, consta um pedido de AVS de 2011 para o prédio que está em análise. O prédio residencial localizado ao lado da academia possui um emitido em 2000.
De acordo com o coronel, “o edifício tinha um período para se adequar às exigências dos bombeiros e deveria ter entrado em contato para notificar que haviam resolvido os problemas, o que não foi feito”.
O AVCB é o documento que certifica que, durante a vistoria, a edificação possuía as condições de segurança necessárias contra incêndio previstas pela legislação.
Ainda segundo a corporação, indícios apontam que o incêndio teria começado no telhado da academia Smart Fit. Isso porque relatos das primeiras equipes que chegaram ao local dão conta de que a parte inferior do pavimento estava razoavelmente reservada enquanto o fogo se alastrava no telhado.
A assessoria de imprensa da academia informou que a unidade que pegou fogo foi inaugurada há menos de uma semana.
"A direção da empresa está em contato com autoridades para identificar as causas e poderá prestar mais esclarecimentos após o relatório da perícia técnica", informou a assessoria, em nota.
A Prefeitura de São Paulo foi procurada, mas ainda não respondeu o porquê de o prédio, mesmo irregular, não ter sido interditado.
Os peritos do Instituto de Criminalística chegaram ao local às 10h45 para os trabalhos que tentarão identificar as causas do incêndio, mas o deixaram meia hora depois por falta de condições de inspeção. Os trabalhos serão retomados à tarde.
Veja o local do incêndio
Incêndio
O incêndio começou por volta da 1h desta sexta-feira e às 5h estava controlado, segundo os bombeiros. A Defesa Civil está no local desde então. Um engenheiro civil da Subprefeitura Sé foi solicitado para realizar a inspeção e a perícia do imóvel. Tanto o imóvel incendiado, onde funciona a academia, quanto o prédio residencial ao lado estão temporariamente interditados e os moradores estão sendo conduzidos com apoio da Defesa civil para retirada de pertences do local.
O Samu (Serviço de Atendimento Médico de Urgência) montou, em conjunto com o Corpo de Bombeiros, um posto médico avançado de atendimento local do incêndio, onde foram atendidas 46 pessoas. Desse total, as equipes do Samu removeram sete pessoas para a Santa Casa, Hospital do Servidor Público Municipal (HSPM) e Hospital das Clínicas. Quatro, dos cinco pacientes que deram entrada no HSPM, já receberam alta e um permanece em observação.
A fumaça alta se alastrou e entrou pelas janelas dos edifícios, assustando moradores. Segundo reportagem do jornal "Folha de S.Paulo", uma família foi resgatada do quarto andar de um dos prédios com o auxílio de uma escada Magirus do Corpo de Bombeiros. Pai, mãe e filho, com medo da fumaça, chegaram a ameaçar se jogar pela janela.
Trânsito
A rua Boticário, onde fica o prédio que instalava a academia, continua bloqueada pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego). Mas a avenida Ipiranga e avenida Rio Branco já foram liberadas. Dezessete linhas de ônibus que passam pela região tiveram itinerário alterado devido à interdição.
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