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Reunião com taxistas sobre corredores de ônibus tem bate-boca; promotor é hostilizado

Fabiana Maranhão

Do UOL, em São Paulo

15/01/2014 12h36Atualizada em 15/01/2014 15h09

Uma reunião do Conselho Municipal de Transporte e Trânsito, realizada na manhã desta quarta-feira (15) na Biblioteca Mário de Andrade, na região central de São Paulo, teve bate-boca entre taxistas e autoridades em torno do uso pela categoria das faixas e corredores exclusivos para ônibus. Hostilizado, o representante do MP (Ministério Público) deixou o encontro antes do fim. 

Estudo da Prefeitura de São Paulo, feito a pedido do MP e apresentado durante a reunião, mostrou que, sem a presença dos táxis nas faixas e corredores exclusivos, os ônibus ganham velocidade.

De acordo com uma simulação feita pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), a retirada dos táxis no corredor da avenida Rebouças, entre as avenidas Faria Lima e Doutor Arnaldo, na zona oeste da capital, resultaria no aumento de cerca de 25% da velocidade média dos ônibus no horário de pico da manhã.

O promotor de Habitação e Urbanismo, Maurício Antonio Ribeiro Lopes, elogiou a pesquisa e foi hostilizado pelos taxistas. Em 17 de dezembro, ele deu um prazo de 45 dias para que a prefeitura revogasse a portaria que permite que os táxis trafeguem pelos corredores exclusivos de ônibus. O prazo termina do dia 2 de fevereiro. 

"O estudo [feito pela prefeitura] é bastante conclusivo sobre a conveniência de serem retirados dos corredores de ônibus todo e qualquer veículo que não seja o ônibus. Caso contrário, há comprometimento sério da fluidez, da velocidade e da capacidade de transporte dos coletivos", afirmou Ribeiro Lopes.

Questionado se o prazo estipulado pelo MP pode ser prorrogado, ele disse que se o debate "trouxer argumentos técnicos que precisem ser revistos, se a questão for técnica, podemos sim estudar uma prorrogação. Mas se a questão for meramente política, porque os ânimos estão exaltados, ânimos exaltados é um problema político e problema político não é do Ministério Público".

Debate acalorado

Representantes de cooperativas e de empresas de táxis, além de taxistas autônomos, lotaram o auditório da biblioteca. Eles vaiaram e fizeram críticas durante a apresentação dos resultados do estudo da prefeitura.

Os taxistas discordam que a presença dos táxis nos corredores exclusivos atrapalha a circulação dos ônibus, como indica o estudo. Eles questionaram o método usado pela pesquisa, que, segundo eles, transforma o táxi em "vilão".

"O taxista agora é o culpado, é o penalizado pela situação do trânsito na cidade de São Paulo", afirmou Daniel Sales, da cooperativa Coopertaxi/SP.

Ele sugeriu que a prefeitura libere todas as faixas exclusivas para o tráfego de táxis com passageiros e avalie o impacto no trânsito. "Faça um teste antes de massacrar esses cidadãos que passam 12, 13, 14 horas trabalhando no trânsito", disse.

"O transporte público é necessário, mas táxi é um modal necessário também para a cidade", afirmou o presidente do Adetax (Associação das Empresas de Táxi do Município de São Paulo), Ricardo Auriemma. Segundo ele, "não é só o táxi o problema do trânsito da cidade".

O presidente do SinditaxiSP (Sindicato dos Taxistas Autônomos de São Paulo), Natalício Bezerra, pediu compreensão às autoridades. "Só quem trabalha na profissão é que sabe o que um taxista faz para uma cidade como São Paulo. Peço sensibilidade às autoridades", disse.

Um vídeo exibido no início da apresentação causou polêmica entre os taxistas. As imagens mostram um corredor exclusivo não identificado sendo utilizado por vários táxis e poucos ônibus. Os taxistas classificaram o vídeo como "tendencioso".

O secretário municipal de Transportes e presidente da CET, Jilmar Tatto, informou que a pesquisa está à disposição para que os taxistas possam analisar a metodologia que foi usada e que todas as sugestões feitas pelos profissionais serão avaliadas. "Várias sugestões foram feitas. Vamos processar todas elas. Não podemos descartar nada neste momento", disse.   

Rodízio de veículos

Durante a reunião do conselho, também foi apresentada uma proposta para a ampliação do rodízio de veículos em São Paulo. A prefeitura quer incluir cerca de 400 novas vias, correspondendo a 371 km. A previsão é que a medida comece a vigorar até abril deste ano.

De acordo com a proposta, o rodízio seria expandido para diversas grandes avenidas que fazem ligação entre bairros.

Os horários de restrição -- das 7h às 10h e das 17h às 20h -- seriam mantidos, assim como a regra das placas -- cada veículo fica impedido de circular um dia por semana nos horários de pico.

Com as mudanças, a prefeitura espera aumentar em 8,5% a velocidade média em São Paulo no horário de pico da manhã, que passaria dos atuais 18,9 km/h para 20,5 km/h.