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Deputados propõem criar CPI para investigar black blocs

Manifestantes black blocs acompanham protesto contra aumento da tarifa de ônibus no centro do Rio de Janeiro - Antonio Scorza - 6.fev.2014/UOL
Manifestantes black blocs acompanham protesto contra aumento da tarifa de ônibus no centro do Rio de Janeiro Imagem: Antonio Scorza - 6.fev.2014/UOL

Fernanda Calgaro

Do UOL, em Brasília

18/02/2014 16h55Atualizada em 18/02/2014 22h28

Os deputados federais Fernando Francischini (SDD-PR) e Eduardo Cunha (PMDB-RJ) apresentaram nesta terça-feira (18) uma proposta para criar uma CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) para investigar a atuação dos "black blocs" e saber se existe alguém financiando a violência nas manifestações.

ENTENDA O BLACK BLOC

O "black bloc" ("bloco negro") não é um grupo específico de manifestantes, mas sim uma forma violenta de agir adotada por manifestantes que se dizem anarquistas.

A tática "black bloc" consiste em "causar danos materiais às instituições opressivas". Na prática: depredar estabelecimentos privados --agências bancárias entre eles-- e pichar paredes.

“A proposta da CPI que vai investigar os black blocs do país é investigar se há aliciamento, financiamento de pessoas que são contratadas para quebrar, destruir e afastar as pessoas de bem das manifestações”, afirmou Francischini.

Ele ressaltou que, com a apuração da morte do cinegrafista Santiago Andrade, da Rede Bandeirantes, surgiram indícios de que, por trás dos protestos violentos, “há pessoas que estão pagando para manifestantes, Kombis estão nas esquinas entregando capuzes, marretas, para que essas pessoas façam o quebra-quebra”.

Após o episódio que resultou na morte do cinegrafista, o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ) chegou a ser acusado por uma ativista de ter ligações com os acusados de acender o rojão que atingiu Santiago. Freixo sempre negou qualquer relação com os manifestantes.

Questionado sobre com o que uma CPMI poderia contribuir, Francischini destacou a prerrogativa que as comissões têm de solicitar quebra de sigilos e convocar pessoas a deporem.

“Nós estamos em um ano da Copa [do Mundo] e muita gente tem interesse em afastar a população das ruas do país, evitando a cobrança por mais saúde, mais educação, tarifas mais baixas de transporte coletivo.”

Segundo ele, 12 líderes partidários já assinaram a petição, incluindo o SDD, PMDB, PR, PP, PSDB, DEM, PPS, PSD, PDT, PSC, PTB e das minorias.

. “E cada líder se comprometeu a coletar as assinaturas com as suas bancadas”, explicou Francischini. Sobre a ausência do PT e do PSOL, o deputado explicou que as respectivas lideranças desses partidos não estavam na reunião em que ele apresentou a proposta.

Para ser criada uma comissão parlamentar de inquérito mista, são necessárias 171 assinaturas de deputados e 27 de senadores.

O líder do SDD disse que pretende se reunir com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ainda hoje para conseguir o apoio dos senadores.