Para delegado, pai de Bernardo não matou garoto, mas escondeu crime
O diretor do Departamento de Polícia do Interior da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, delegado Mário Wagner, que atua na coordenação dos investigadores que se debruçam sobre o caso Bernardo, disse acreditar que Leandro Boldrini, 38, pai do menino, não esteja envolvido na morte do filho.
"Por ora, creio que ele [Boldrini] esteja envolvido apenas na ocultação do crime", afirmou. "O que nós descobrimos através dos primeiros depoimentos é de que ele soube da morte do filho e ajudou a esconder o corpo. Isso está comprovado."
Bernardo Uglione Boldrini, 11, desapareceu no dia 4 de abril, em Três Passos (470 km de Porto Alegre), no noroeste gaúcho. Dez dias depois, seu corpo foi encontrado no interior da cidade vizinha de Frederico Westphalen (434 km de Porto Alegre), enterrado às margens do rio Mico.
Os suspeitos do crime são Boldrini, a atual mulher e madrasta do menino, a enfermeira Graciele Ugolini, 32, e uma amiga dela, a assistente social Edelvânia Wirganovicz, 40. O pai nega. A madrasta ainda não tem advogado constituído.
O delegado afirmou que ainda é cedo para se falar em uma acareação entre o médico e Graciele, principal suspeita de arquitetar e executar o assassinato com auxílio de Edelvânia. A assistente social é a única a ajudar a polícia nas investigações. Foi ela quem apontou o local em que Bernardo foi enterrado.
Wagner disse também ser boato a história de que foi descoberto no corpo do garoto um analgésico que teria sido achado no consultório de Boldrini.
"Ainda dependemos do laudo pericial,que não está totalmente pronto."
Entretanto, uma série de elementos ainda colocam o pai dentro do caso. Os principais são a frieza com a qual ele divulgou, em uma rádio, o desaparecimento do filho, referindo-se a ele apenas como "o garoto que morava com a gente".
Além disso, no dia seguinte ao desaparecimento de Bernardo --quando ele já estava morto--, Boldrin e Graciele viajaram a uma cidade vizinha para uma festa. Gastaram mais de mil reais em ingressos e bebida.
Por fim, o que alimenta o mistério sobre o caso --e lança dúvidas sobre o suicídio da mãe do menino, Odilaine Uglione, há quatro anos-- é a venda de imóveis e heranças de família, cujo principal beneficiário seria o menino.
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