Topo

Greve de motoristas de ônibus no Rio deixa trens do Metrô superlotados

Passageiros lotam plataforma do Metrô na Central do Brasil, no centro do Rio - Gustavo Maia/UOL
Passageiros lotam plataforma do Metrô na Central do Brasil, no centro do Rio Imagem: Gustavo Maia/UOL

Gustavo Maia

Do UOL, no Rio

08/05/2014 09h48Atualizada em 09/05/2014 10h21

O movimento de passageiros no sentido zona sul do Metrô do Rio de Janeiro era intenso na manhã desta quinta-feira (8), por conta da paralisação dos rodoviários na cidade, prevista para durar 24 horas e se encerrar à meia-noite. Na estação da Central do Brasil, no Centro do Rio, usuários se espremiam para entrar nos vagões. A cada parada dos trens, centenas de pessoas ficavam do lado de fora. Já no sentido oposto, o movimento era tranquilo.

O Rio Ônibus (Empresas de Ônibus da Cidade do Rio de Janeiro) informou que pelo menos 325 veículos de transporte coletivo foram depredados por grevistas em diversos bairros. Houve cenas de vandalismo principalmente na zona oeste da cidade.

Um grupo de homens depredou um ônibus na rua Teodoro da Silva, em Vila Isabel, zona norte do Rio, por volta das 7h30. De acordo com o motorista, que se identificou apenas como Fabio, o grupo estava em um carro particular. Seriam, segundo testemunhas, rodoviários envolvidos com a greve.

"Eles me fecharam e jogaram a pedra no para-brisas. Me fizeram abrir a porta e levaram a chave. Não consigo nem tirar o ônibus daqui", afirmou. Para soltar a chave do veículo, que fica presa no painel, os manifestantes usaram uma faca para cortar o cabo.

Segundo os números mais atualizados da Rio Ônibus, de 2012, 8.700 ônibus estavam em circulação pela cidade. Por dia, geralmente, os ônibus atendem a cerca de 3 milhões de passageiros. Segundo as empresas, 30% da frota está circulando. Já o líder grevista, Helio Teodoro, diz que 80% dos motoristas aderiram à greve.

A greve foi decretada durante reunião realizada na noite desta quarta-feira (7). O Sintraturb (Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus do Rio de Janeiro), que representa 40 mil trabalhadores rodoviários, disse que não organizou a greve e, em nota, afirmou que considera a paralisação "uma atividade com fundo político".

Motoristas e cobradores em greve reivindicam aumento salarial maior que os 10% acordados entre o sindicato da categoria e as empresas de ônibus, o fim da dupla função e reajuste no valor da cesta básica, de R$ 150 para R$ 400.

No começo da manhã, um protesto bloqueou por cerca de uma hora a pista lateral da avenida Brasil, em direção ao centro, em frente à Fundação Oswaldo Cruz, em Manguinhos, na zona norte. O tráfego da via já foi liberado, segundo o Centro de Operações da Prefeitura do Rio.

O consórcio BRT Transoeste informou que está com o funcionamento suspenso no trecho entre Santa Cruz e Campo Grande.

Nas ruas, com a diminuição do efetivo de ônibus, passageiros sofriam para conseguir chegar aos seus destinos. Moradora de Belfort Roxo, na Baixada Fluminense, a diarista Joana da Silva, 57, que nesta quinta trabalha em uma residência no Leme, na zona sul do Rio, esperou uma hora e meia por um ônibus em Botafogo. Ela disse ter sido surpreendida pela paralisação dos rodoviários.

"Eu não liguei a TV nem vi jornal antes de sair da casa da minha amiga, aqui no Flamengo. Bem que eu achei estranho esse trânsito tão bom. Estou esperando há uma hora e meia aqui", afirmou a diarista. Ela esperou uma hora em um ponto no aterro do Flamengo, onde não costuma demorar nem cinco minutos, e 30 minutos em outro, na rua Oswaldo Cruz.

Também no aterro do Flamengo, em Botafogo, o vigilante Marcelo Fagundes, 43, esperou uma hora pelo ônibus que o levaria para a Barra da Tijuca, na zona oeste da capital fluminense. "Geralmente eu pego em menos de 15 minutos", afirmou.

Dentro do Metrô, o sistema de som anunciava a suspensão temporária da venda de bilhetes integrados entre trens e ônibus e dos veículos de metrô de superfície. O MetrôRio informou que todas as estações funcionam normalmente e o intervalo entre as composições é regular. A empresa informou ainda que, por causa da greve e do grande volume de passageiros, ocorre "controle de fluxo de entrada".