Justiça manda 70% dos motoristas e cobradores voltarem ao trabalho no Rio
A Justiça do Rio de Janeiro concedeu nesta terça-feira (13) liminar que determina a manutenção em serviço de pelo menos 70% do efetivo total de motoristas e cobradores de ônibus do Rio de Janeiro durante a paralisação da categoria. Cerca de 1,9 milhões de pessoas utilizam ônibus no Rio por dia.
Segundo o TRT-RJ (Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro), caso a determinação seja descumprida, a pena diária será de R$ 50 mil contra o Sintraturb (Sindicato Municipal dos Trabalhadores Empregados em Empresas de Transporte Urbano de Passageiros).
Os trabalhadores reivindicam aumento salarial de 40% (e não os 10% acordados entre o sindicato da categoria e as empresas de ônibus), o fim da dupla função e reajuste no valor da cesta básica –de R$ 150 para R$ 400. A convocação é feita por um grupo dissidente, que não se sentiria representado pelo Sintraturb.
A decisão da desembargadora Maria das Graças Cabral Viegas Paranhos levou em conta o fato de o transporte rodoviário de passageiros ser atividade essencial e de que o sindicato é o legítimo representante da categoria.
O líder do movimento grevista, Helio Theodoro, pediu desculpas pelos transtornos causados pela paralisação da categoria à população do Rio de Janeiro, "que não tem nada a ver com a história", e afirmou que "a culpa da greve é do sindicato" que representa a categoria.
Pelo menos 75 ônibus foram depredados durante a paralisação, segundo informou o Rio Ônibus (sindicato das empresas de ônibus). A Polícia Militar informou que dez pessoas foram detidas.
Um motorista da Viação Jabour que chegou a tentar circular com um ônibus foi atacado a pedras por dois homens em uma motocicleta no Largo do Correia, em Guaratiba, na zona oeste do Rio de Janeiro. Ele precisou voltar para a garagem, que fica em Campo Grande, onde falou com a reportagem do UOL. "Eu só quero trabalhar. Isso é uma covardia danada, porque são meus próprios colegas de trabalho que estão tacando as pedras. Só não consegui identificar, porque estão de capacete, mas estão uniformizados", disse o motorista, que pediu para não ser identificado. "Essa covardia tem que acabar, porque eu não sou obrigado a fazer greve."
Plano de contingência
A Prefeitura do Rio desenvolveu um plano de contingência para minimizar os impactos da greve, reforçando metrô, trens e barcas, e a Polícia Militar informou que garantiria a segurança na saída das garagens dos quatro consórcios, nas estações do BRT Transoeste e nos terminais de ônibus. No entanto, de acordo com a Secretaria Municipal de Transportes do Rio, apenas 18% da frota de ônibus está circulando.
Motoristas e cobradores fazem greve no Rio de Janeiro
SuperVia, metrô e barcas tiveram o horário de pico ampliado. Segundo usuários de metrô ouvidos pela reportagem, o movimento intenso na estação da Central do Brasil na manhã desta terça foi maior que o de hábito nos guichês de compra de bilhetes e nas plataformas, com muita aglomeração, mas os trens, que passaram a sair em maior número , circularam com lotação normal para o horário.
"Pego metrô todo dia na Pavuna pra vir pra Central e hoje está muito mais cheio aqui. Mas os trens estão saindo mais rápido e menos lotados", afirmou a operadora de telemarketing Débora Lemos, 29.
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