Caos no trânsito: SP registra 261 km de congestionamento, recorde do ano
Os motoristas enfrentaram trânsito recorde em São Paulo, nesta terça-feira (20), dia em que uma paralisação inesperada de ônibus iniciada por motoristas e cobradores tumultuou a capital paulista. Às 19h, a capital registrou 261 km de engarrafamento, segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).
A média para o horário fica entre 105 km e 139 km. O recorde anterior foi registrado há pouco mais de um mês, na véspera do feriadão de Páscoa e Tiradentes: 258 km, em 17 de abril deste ano, às 17h30. O maior trânsito já registrado em São Paulo é de 309km, no dia 14 de novembro de 2013, às 18h.
Às 19h30, o congestionamento havia diminuído e atingido 245 km - a média para o horário fica entre 85 km e 123 km.
A paralisação inesperada de ônibus de motoristas e cobradores começou na manhã de hoje e tumultuou a capital paulista durante todo o dia. Pelas contas da Prefeitura, 15 terminais de ônibus foram fechados e cerca de 230 mil pessoas foram afetadas, segundo o secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto. A CET chegou a suspender o rodízio de carros, entre 17h e 20h, e a PUC-SP, as aulas.
Mais de 280 linhas foram afetadas, o que representa cerca de 20% do total que circula na capital (cerca de 1.300). Segundo a SP Trans, foram fechados os terminais Bandeira, Princesa Isabel, Amaral Gurgel, Parque Dom Pedro e Mercado (centro), Pinheiros, Lapa, Barra Funda, Butantã (zona oeste), Casa Verde, Pirituba, Santana, Cachoeirinha (zona norte), Varginha e Sacomã (zona sul).
Passageiros reclamaram da falta de ônibus em diversos pontos da cidade. Os motoristas iniciaram a paralisação no largo Paissandu, no centro de São Paulo, por volta das 9h50. Ruas e avenidas importantes das zonas oeste, sul e do centro foram fechadas pelos manifestantes.
Usuários reclamam de paralisação: "Catraca livre seria melhor"
"Greve é isso mesmo produção. Andar a pé para chegar ao trabalho e chegar atrasada é o fim. Andar a pé para chegar em casa é o fim", disse Caroline Garcia.
Alguns internautas, como Daniela de Jesus, fotografaram as fileiras de ônibus estacionados na cidade.
"[Avenida] Francisco Morato com os ônibus todos parados. Triste e revoltante ", escreveu.
Anônimos, dissidentes que paralisaram ônibus querem reajuste maior
Os motoristas e cobradores que paralisaram centenas de linhas de ônibus e fecharam 15 terminais em São Paulo na terça-feira (20) pertencem a uma dissidência da atual direção do Sindimotoristas --que representa a categoria na capital paulista-- que, até agora, preferiu manter-se no anonimato.
Motoristas explicam motivo da paralisação de ônibus
O pouco que se sabe do grupo dissidente é que eles exigem um reajuste maior do que os 10% propostos pelas empresas de ônibus e aprovados ontem (19) em assembleia da categoria que reuniu milhares de trabalhadores.
O motorista Denilson Roberto, que participou das paralisações, disse que os dissidentes querem reajuste de 20%. "O aumento foi muito pouco. VR muito pouco. Prometeram 20% [de reajuste], mas só deram 10%. Se a gente fizer essa manifestação, a gente não vai para lugar nenhum", disse.
Segundo José Valdevan, o Noventa, presidente do Sindimotoristas, a categoria abriu negociação com as empresas exigindo 13% de reajuste. Inicialmente, o SP Urbanuus, sindicato que congrega as empresas de ônibus, ofereceu 5,2% de reajuste, equivalente à inflação do último ano. Diante da recusa dos trabalhadores, o sindicato patronal subiu a a proposta de reajuste os 10%.
O sindicalista afirmou ainda não saber quem é o "grande mentor" da paralisação, mas disse acreditar que os líderes da dissidência trabalham nas viações Sambaíba, Gato Preto e Santa Brígida. Valdevan disse que há entre os dissidentes motoristas e cobradores que participaram da gestão anterior, à qual a atual direção fez oposição, e alguns do grupo que atualmente comanda o sindicato. "Alguém está por trás para desgastar a gente."
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