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Greve de rodoviários em São Luís suspende aulas e afeta 750 mil pessoas

Pontos de ônibus ficam vazios com greve de rodoviários que afeta 750 mil em São Luís, no Maranhão - John Cutrim
Pontos de ônibus ficam vazios com greve de rodoviários que afeta 750 mil em São Luís, no Maranhão Imagem: John Cutrim

Aliny Gama

Do UOL, em Maceió

22/05/2014 15h12

Trabalhadores do transporte rodoviário em São Luís entraram em greve nesta quinta-feira (22) e apenas 380 ônibus de 824 veículos da frota estão circulando na capital maranhense. O número equivale a 46% da frota, segundo estimativas da SMTT (Secretaria Municipal de Trânsito e Transporte). A paralisação é por tempo indeterminado.

Por conta da greve dos rodoviários, a Seduc (Secretaria de Estado de Educação) suspendeu as aulas desta quinta-feira nas escolas da rede estadual de ensino.

Os grevistas descumprem a determinação da Justiça, que avaliou que eles devem manter 70% dos ônibus em circulação durante a paralisação para que os usuários não sejam prejudicados.

O secretário Canindé Barros informou que, durante todo o dia, fiscais da SMTT estarão nas portas das garagens das empresas de ônibus anotando os veículos que saíram, pois o número de ônibus será relatado à Justiça. "Ao final do dia, vamos preparar um relatório para informar se estão cumprindo ou não a determinação dos 70% dos ônibus, pois os usuários não podem ser prejudicados com essa greve. Já contabilizamos que os rodoviários não estão cumprindo e apenas 46% dos ônibus estão nas ruas", disse.

O Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários no Estado do Maranhão afirmou que apenas 30% da frota está nas ruas. O presidente do sindicato, Gilson Coimbra, disse que não tem como cumprir a determinação judicial porque apenas 85% da frota de ônibus circula diariamente em São Luis. “Não temos como fazer um movimento diminuindo apenas 15% dos ônibus e vamos continuar o movimento, não vamos temer.”

O sindicalista afirmou ainda que durante este ano a categoria se reuniu com empresários por oito vezes, mas não conseguiram nenhum avanço nas reinvidicações. “Não queremos prejudicar a população, queremos que as pessoas sejam nossas aliadas, pois as empresas não ligam para a nossa situação e também não melhoram as condições de trabalho.”

Motoristas, cobradores e fiscais de ônibus pedem o reajuste de 16% nos salários, ticket alimentação de R$ 500 e melhorias no plano de saúde, com o aumento de dependentes, plano odontológico e melhorias nas condições de trabalho.

Transtornos

Segundo a SMTT, 750 mil pessoas foram prejudicadas com a greve dos rodoviários.

Quem precisou usar ônibus hoje enfrentou demora nos pontos de ônibus. O comerciário Alan Bezerra Andrade, 26, disse que ficou por mais de uma hora esperando um ônibus do bairro Cohatrac para ir trabalhar no centro.

“Hoje cheguei atrasado no trabalho porque o ônibus demorou muito a passar e, quando passou, veio lotado e não parou. Fico cerca de 20 minutos na parada e hoje só consegui uma condução uma hora e dez minutos depois, e olhe que eu sai cedo de casa já me preparando com essa greve”, disse Andrade em entrevista ao UOL.

Andrade contou que ele e os colegas já planejaram contratar uma van para levá-los de volta para casa ao final do expediente e fazer o transporte do grupo nos demais dias da greve.

O estudante Marcos Souza também reclamou da falta de ônibus no bairro Cruzeiro do Anil. “Greve de ônibus em São Luís. Palhaçada isso!”, postou no Twitter, dizendo que estava irritado. "Quem mora em São Luís ta f... mesmo. Não tem metrô nem trem. Só tem ônibus e mesmo assim tá em greve", reclamou Welington Gomes.

Determinação judicial

O TRT (Tribunal Regional do Trabalho do Maranhão) determinou que o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários no Estado do Maranhão disponibilize 70% dos ônibus para garantir a prestação de serviços essenciais à comunidade. Caso haja descumprimento o sindicato receberá multa de R$ 4.000 por hora descumprida.

“Desta forma, porque se trata de atividade essencial, o sindicato requerido deve, obrigatoriamente, disponibilizar trabalhadores para a manutenção dos serviços mínimos da requerente e garantir a prestação de serviços essenciais à comunidade”, destacou a desembargadora Ilka Esdra Silva Araújo.

Na determinação consta que o sindicato dos trabalhadores não impeça os trabalhadores que não aderiram ao movimento a ter acesso as garagens das empresas de ônibus.