Qual o papel de cada indiciado por tentativa de golpe, segundo a PF

As investigações da Polícia Federal apontaram que os 37 indiciados por tentativa de golpe de Estado dividiram tarefas em seis núcleos diferentes. Um deles fornecia informações ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), segundo a PF.

O que aconteceu

Um dos objetivos dos núcleos era "desacreditar o processo eleitoral", segundo a PF. Os grupos também atuavam com medidas para planejar e executar um golpe de Estado, além da "abolição do Estado Democrático de Direito". Eles ainda foram indiciados por organização criminosa. Na semana passada, ao indiciar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras 36 pessoas, a Polícia Federal afirmou que essa divisão possibilitou a "individualização das condutas e a constatação da existência de grupos".

Entre os grupos de tarefas, está ainda o de desinformação e ataques ao sistema eleitoral. Há também o núcleo jurídico, o operacional de apoio às ações golpistas, o de inteligência paralela, o de cooptação de militares para aderirem ao golpe e de militares de alta patente e o operacional para cumprimento de medidas coercitivas.

Grupo de inteligência paralela fornecia dados para Bolsonaro. Segundo a PF, os integrantes coletariam dados e informações que pudessem auxiliam o ex-presidente a tomar decisões na consumação do golpe de Estado.

Núcleo de desinformação e ataques ao sistema eleitoral

Segundo a PF, o grupo atuava na produção e divulgação de notícias falsas sobre o processo eleitoral de 2022. O objetivo era manter manifestantes em frente aos quartéis e com o "intuito de criar o ambiente propício para o golpe de Estado".

Integrantes: Mauro Cid, Anderson Torres, Angelo Denicoli, Fernando Cerimedo, Eder Lindsay Magalhães Balbino, Hélio Ferreira Lima, Guilherme Marques Almeida, Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiro e Tércio Arnaud.

Núcleo responsável por incitar militares a aderirem ao golpe de Estado

As investigações afirmam que os participantes deste grupos incitavam ataques contra militares que "resistiam às investigadas golpistas". Os ataques ocorriam nas redes sociais e por meio de influenciadores.

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Integrantes: Braga Netto, Paulo Figueiredo Filho, Ailton Barros, Bernardo Romão Correa Neto e Mauro Cid.

Núcleo jurídico

Neste grupo, os integrantes seriam responsáveis pela elaboração de minutas de "decretos com fundamentação jurídica e doutrinária que atendessem aos interesses golpistas do grupo investigado", diz a PF.

Integrantes: Filipe Garcia Martins Pereira, Anderson Torres, Amauri Saad, José Eduardo de Oliveira e Silva e Mauro Cid.

Núcleo operacional de apoio às ações golpistas

De acordo com a Polícia Federal, o núcleo atuava a partir da coordenação e interlocução de Mauro Cid em reuniões de planejamento e execuções para manter as manifestações golpistas em frente aos quartéis do Exército. Os membros eram responsáveis pela mobilização, logística e financiamento dos militares, segundo a investigação.

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Integrantes: Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros, Bernardo Romão Correa Neto, Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira, Alex de Araújo Rodrigues e Cleverson Ney Magalhães.

Núcleo de inteligência paralela

Eles eram responsáveis por coletar dados e informações que pudessem ajudar Bolsonaro a tomar decisões para "consumação do golpe do Estado". O grupo também fez o monitoramento do ministro Alexandre de Moraes, do presidente Lula e do vice Alckmin — eles teriam planejado o assassinato das três autoridades.

Integrantes: Augusto Heleno, Marcelo Câmara e Mauro Cid.

Núcleo de oficiais de alta patente com influência e apoio a outros núcleos

Segundo a PF, militares utilizaram da alta patente para influenciar e incitar apoio aos outros núcleos por meio de "endosso de ações e medidas a serem adotadas para consumação do golpe de Estado".

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Integrantes: Braga Netto, Almir Garnier Santos, Mario Fernandes, Estevam Theophilo Gaspar de Oliveira, Laércio Vergílio e Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira.

Moraes envia relatório à PGR

O ministro do STF determinou, nesta terça-feira (26), o envio à PGR do relatório que indiciou o ex-presidente. Moraes também levantou o sigilo dos autos.

Cabe à PGR analisar o caso e decidir se apresenta denúncia contra os envolvidos. A Polícia Federal concluiu a investigação e apresentou relatório final de cerca de 800 páginas ao STF na última quinta-feira (21).

Delação de Cid continua sob sigilo. Moraes justificou que há "existência de diligências em curso e outras em fase de deliberação" envolvendo a delação premiada do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro que firmou acordo com a PF.

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