Policial civil delatado por Gritzbach é preso pela PF; PM também é detido
O policial civil do Deic (Departamento Estadual de Investigações) Cyllas Elia foi preso hoje pela Polícia Federal durante a Operação Tai-Pan, deflagrada para desarticular organização criminosa voltada à prática de crimes contra o sistema financeiro, evasão de divisas e lavagem de dinheiro.
A operação também prendeu o capitão da Polícia Militar Diogo Costa Cangerana, que atuou na Casa Militar e comandava uma Companhia do 13º Batalhão, no Brás, região central de São Paulo. O oficial é apontado como articulador do esquema, segundo a PF.
Elia foi delatado à Corregedoria da Polícia Civil pelo empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, 38, delator do PCC (Primeiro Comando da Capital) assassinado a tiros no último dia 8 no aeroporto internacional de Guarulhos.
Gritbzach prestou depoimento à Corregedoria oito dias antes de ser morto. Além de integrantes do PCC, ele também delatou policiais civis envolvidos, segundo ele, em casos de corrupção. Os agentes são do Deic e do DHPP (Departamento de Homicídios e proteção à Pessoa).
Segundo o empresário, Elia era sócio de um banco digital com Anselmo Becheli Santa Fausta, 38, o Cara Preta, narcotraficante que tinha grande influência no PCC, e com Rafael Maeda Pires, 31, o Japa, parceiro deste último.
Cara Preta foi assassinado a tiros em 27 de dezembro de 2021 no Tatuapé, zona leste de São Paulo, junto com o motorista Antônio Corona Neto, 33, o Sem Sangue. Gritzbach foi processado como o mandante das mortes porque teria desviado ao menos R$ 200 milhões do narcotraficante.
Japa foi encontrado morto com tiro na cabeça em 5 de maio de 2023, no subsolo de um prédio no Tatuapé. Ele estava dentro de seu veículo, um Toyota. A polícia investiga se ele se matou ou se foi induzido pelo PCC a cometer suicídio.
No depoimento, Gritzbach afirmou que o banco digital se chamava IV Bank e hoje tem a denominação de 2 Go Bank. O policial civil era lotado na Delegacia de Repressão a Crimes Cibernéticos, do Deic.
A reportagem tenta contato com a defesa de Cyllas Elia. O espaço está aberto e o texto será atualizado em caso de manifestação. Em nota, a A 2GO Instituição de Pagamento informou que "está colaborando com as investigações e segue à disposição das autoridades".
Quadrilha movimentou R$ 6 bilhões
A PF (Polícia Federal) realizou uma operação nesta terça-feira (26) contra um grupo que movimentou R$ 6 bilhões em cinco anos com a lavagem de dinheiro em pelo menos 15 países.
Foram cumpridos 16 mandados de prisão preventiva e 41 de busca e apreensão em endereços de 7 estados: São Paulo, Distrito Federal, Espírito Santo, Paraná, Ceará, Santa Catarina e Bahia. Mais de 200 policiais federais estão mobilizados na operação.
Segundo a corporação, a quadrilha administrava um complexo sistema bancário paralelo e ilegal. O grupo atendia pessoas que quisessem ocultar capitais, lavar dinheiro ou enviar e receber quantias do exterior. A PF aponta que há indícios de envolvimento de facções do tráfico de drogas, de armas e contrabando.
Dos R$ 6 bilhões, R$ 800 milhões foram movimentados só em 2024. Segundo a polícia, o esquema contava com o envolvimento de dezenas de pessoas, brasileiros e estrangeiros. Entre os alvos estão policiais civis e militares, gerentes e contadores de bancos.
A investigação começou em 2022 e mostrou que os criminosos não operavam só no Brasil. Eles também atuavam nos EUA, Canadá, Panamá, Argentina, Bolívia, Colômbia, Paraguai, Peru, Holanda, Inglaterra, Itália, Turquia, Dubai e especialmente Hong Kong e China, para onde se enviava a maior parte dos recursos de origem ilícita.
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Quero receberOs investigados podem responder pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Além das prisões e das buscas, a Justiça Federal determinou o bloqueio de bens e valores no valor superior a R$ 10 bilhões para mais de 200 pessoas jurídicas.
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