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Ministério Público de MG se opõe a trabalho externo do goleiro Bruno

O ex-goleiro Bruno Fernandes, condenado a 22 anos de prisão pela morte de Eliza Samudio, durante entrevista em 2013 - Hoje em Dia/Futura Press - 11.ago.2013
O ex-goleiro Bruno Fernandes, condenado a 22 anos de prisão pela morte de Eliza Samudio, durante entrevista em 2013 Imagem: Hoje em Dia/Futura Press - 11.ago.2013

Rayder Bragon

Do UOL, em Belo Horizonte

12/06/2014 08h55

O Ministério Público de Minas Gerais se posicionou de maneira contrária à possibilidade de o goleiro Bruno Fernandes, condenado a 22 anos de prisão pela morte de Eliza Samudio, realize trabalho fora da penitenciária para onde será transferido.

Segundo a assessoria, o posicionamento do órgão foi dado pela promotora Betânia Cabral, que atua na Vara de Execuções Penais de Contagem, cidade da região metropolitana de Belo Horizonte e onde o goleiro cumpre a pena na penitenciária de segurança máxima Nelson Hungria. O parecer foi enviado à Justiça, que deverá se posicionar sobre o caso.

O posicionamento do órgão é contrário a entendimento de advogados de defesa do goleiro, que afirmaram ao UOL ser possível o trabalho externo do cliente com o uso de escolta.

No último dia 10, foi autorizada a transferência do goleiro para a penitenciária de segurança máxima Francisco Sá, situada a 55 quilômetros de Montes Claros (cidade que fica a 417 km de Belo Horizonte – no norte do Estado). O goleiro havia assinado em fevereiro deste ano um contrato de trabalho com o Montes Claros, time de futebol da cidade que disputa a série B do campeonato mineiro. O próximo passo da defesa é tentar a liberação do cliente para que ele possa treinar e pelo clube.

A Subsecretaria de Administração Prisional (Suapi) informou que a ida do goleiro para a penitenciária Francisco Sá se dará em 20 dias.
Conforme a assessoria do Ministério Público, a promotora Betânia Cabral afirmou que presos do regime fechado não têm direito a trabalho externo. A possibilidade de trabalho fora do local de cumprimento da pena somente se daria em casos especiais e coletivos, sendo vedado a sua permissão em casos isolados.

O setor citou, para exemplificar, que se porventura uma prefeitura solicitasse a utilização de mão-de-obra de presos do regime fechado para ajudar no asfaltamento de ruas (obra pública), isso poderia ser permitido, mas ensejaria esquema de segurança (escolta) e contemplaria um grupo de presos.

Protesto

A possibilidade da ida do goleiro para a cidade mineira gerou protesto de mulheres integrantes do Movimento Levante Popular da Juventude de Montes Claros.

Elas haviam espalhado cartazes no centro da cidade em que são reproduzidas fotos do goleiro com os dizeres: "Se mata, bate e oprime, não joga no nosso time". Em outras peças, foram grafadas as frases "Levante-se contra o machismo" e "As mulheres dizem não a Bruno no Mocão".
Tiago Lenoir, um dos advogados de Bruno, criticou a iniciativa e disse que o cliente pretende ter a chance de obter uma “ressocialização pelo trabalho”.