'Meu pai não teve culpa', diz menino atacado por tigre no Paraná
O menino Vrajamany Fernandes Rocha, 11, que perdeu o braço direito ao ser atacado por um tigre no zoológico de Cascavel (498 km de Curitiba), afirmou que seu pai, Marcos do Carlo Rocha, não teve culpa no incidente. “Meu pai não teve culpa. Ele não sabia que iria acontecer.”
O ataque ocorreu no último dia 30, depois que Vrajamany entrou em uma área proibida, em frente às jaulas do tigre --chamado Hu-- e do leão, ignorando os avisos do pai, que estava com o filho mais novo no colo.
O garoto, que afirmou não ter sentido medo ou perigo, chegou a se pendurar na grade e dar ossos de frango ao animal. Ele foi atacado pelo tigre quando colocou parte do braço dentro da jaula. O menino disse que, quando estava a caminho do hospital, já sabia que perderia o braço. “Na ambulância eu já sabia que iam cortar meu braço. Eu fiquei triste lá."
Vrajamany mora com a mãe e o padrasto em São Paulo -- o pai vive no Paraná. Na casa dele, há dois cachorros. O jovem ficou internado por uma semana e recebeu alta no último dia 6. Destro, ele está aprendendo a escrever com a mão esquerda. Na entrevista, Vrajamany demonstrou que está superando o episódio. “Passou, não vou ficar olhando para trás.”
Prótese
Médicos do Hospital Universitário do Oeste do Paraná concluíram que ele não poderá usar uma prótese, mas Vrajamany ainda tem esperanças. “Quero uma prótese humanoide. É igual a um braço, ela tem os mesmos movimentos que o braço.”
A mãe do garoto, a funcionária pública Mônica Fernandes Santos, disse que o filho está “resistindo”. “Em momento nenhum ele pediu pra jogar a vida fora. Ele tá resistindo.”
O pai de Vrajamany disse que compreende as reações das pessoas que o responsabilizam pelo ataque e afirmou que os últimos dias têm sido difíceis. “Esses dez dias foram a coisa mais estranha que já vivi na vida”, declarou. “Temos uma relação de muita cumplicidade, que ninguém nem imagina.”
O tigre Hu tem três anos e voltou a ser exposto ao público na semana passada. O pai disse que o menino pediu que o animal não fosse sacrificado.
Inquérito
A Polícia Civil de Cascavel abriu um inquérito policial para investigar as circunstâncias do ataque do tigre ao garoto. Segundo o delegado Denis Marino, que cuida do caso, o pai vai responder por lesão corporal grave.
O delegado ainda afirmou que outras pessoas também poderão ser responsabilizadas. A pena para este tipo de crime varia de dois a cinco anos de prisão. Marino também condenou a atitude de quem assistia e gravava a cena. "As pessoas preferiram tirar o celular do bolso e gravar o menino brincando do que fazer alguma coisa."
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