Polícia investiga ação orquestrada contra casal vítima de racismo em MG
A Polícia Civil de Minas Gerais investiga se o casal mineiro alvo de ataques racistas no Facebook foi vítima de uma ação orquestrada supostamente praticada por pessoas que disseminam ódio racial na internet.
O delegado Eduardo Freitas da Silva, que cuida do caso, afirmou que a investigação vai apurar se houve um conluio entre os agressores para atacar o casal mineiro. Segundo ele, a maioria dos suspeitos seria do Estado de São Paulo.
Conforme o policial, outros casais já foram identificados tendo sido alvos de ataques em moldes parecidos com os sofridos pelos namorados da cidade de Muriaé (320 km de Belo Horizonte).
"A gente já fez contatos com esses casais", resumiu Eduardo Freitas da Silva, que não adiantou como a polícia conseguiu identificá-los.
“Não se resume só àquele casal. Nós temos notícias de outros casais que também foram vítimas desse tipo de situação. Só que não houve repercussão. Tem casais que preferem não aparecer com medo de sofrerem mais agressões racistas”, declarou Silva. Ele afirmou que sua equipe passou o fim de semana cuidando do caso.
“Já fizemos contato com o pessoal do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) de São Paulo, e eu não descarto a minha ida para lá. A gente achou que eram dez, 15 (pessoas envolvidas), mas a coisa tomou uma proporção gigantesca”, explicou. A injúria racial prevê de um a três anos de prisão e multa. O delegado disse que não daria mais detalhes para não atrapalhar as investigações.
Ataques
A jovem M.D.M.R, 20, afirmou que, apesar de ter recebido mensagens de apoio pela rede social, a maioria dos comentários feitos na sua página no Facebook, após a divulgação de foto dela com o namorado, teve cunho racista.
A declaração foi dada no programa “Encontro com Fátima Bernardes”, da TV Globo, na última sexta-feira (29).
"Tem quase mil comentários. Alguns de apoio, criticando essas pessoas, e a maioria é racista", afirmou enquanto conversava com a apresentadora e outros convidados do programa.
Segundo ela, em um primeiro momento, a página na rede social chegou a ser desativada, mas a pedido do delegado da Polícia Civil de Minas Gerais, que cuida do caso, ela foi reativada.
"Desativei, mas agora está reativado porque o delegado pediu para poder ficar olhando o que tem lá, porque são muitos comentários", afirmou. A moça disse ter chorado quando soube dos ataques racistas feitos ao casal.
"Foi muito triste o que aconteceu. Eu fiquei bastante abalada, chorei muito. Meu namorado me deu bastante força. Eu não queria ver ninguém', desabafou.
Segundo Fátima Bernardes, a jovem escreveu uma mensagem na rede social contra o racismo.
"Haverá racismo enquanto as pessoas não entenderem que somos iguais por dentro", disse a apresentadora, atribuindo a M.D.M.R o comentário.
"Eu recebi muito apoio do meu namorado, da minha família, agora eu estou enfrentando", disse a jovem.
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