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Em protesto, barcos pesqueiros bloqueiam porto em SC

Barcos (à dir.) bloqueiam a saída de transatlântico do porto de Itajaí, em Santa Catarina - Sindicato dos Armadores de Santa Catarina/Divulgação
Barcos (à dir.) bloqueiam a saída de transatlântico do porto de Itajaí, em Santa Catarina Imagem: Sindicato dos Armadores de Santa Catarina/Divulgação

Renan Antunes de Oliveira

Do UOL, em Florianópolis

05/01/2015 19h16

Cerca de 140 barcos pesqueiros bloquearam nesta segunda (5) o canal do porto de Itajaí, sexto maior do Brasil, impedindo a saída do transatlântico Empress, da empresa internacional Pullmantur, com 2.000 turistas a bordo, segundo a Capitania dos Portos de Santa Catarina.

O navio deveria ter seguido às 17h para Montevidéu, com 600 turistas embarcados em Itajaí e outros 1.400 que já estavam nele. A nacionalidade dos passageiros é desconhecida. O número de serviço no Brasil não atendeu às chamadas da reportagem.

A retenção do Empress é um protesto contra a portaria 445 do Ministério do Meio Ambiente, de 17 de dezembro, que impede a pesca de mais de 90 espécies consideradas ameaçadas de extinção.

Segundo o presidente do sindicato dos armadores, Giovani Monteiro, a comunidade local exige a revogação da portaria.

"Estamos no nosso direito, queremos continuar a trabalhar, manter os nossos trabalhadores na indústria, nesse setor que emprega tanto na nossa região, mais de 60 mil postos de trabalho. Então está em risco o trabalho dos pescadores, das pessoas que trabalham em estaleiros, nas indústrias e nos fornecedores de matérias, esta portaria prejudica o Brasil inteiro."

A portaria ministerial estabelece proibição de pesca para as espécies tubarão, namorado, garoupa e robalo, entre as mais capturadas na região. O objetivo é permitir que a população se recupere. A portaria entrará em vigor dentro de cinco meses, mas gera reclamações desde já.

Os barcos menores no bloqueio são de frotas de indústrias e também de pescadores autônomos. Pescadores e armadores estão sempre em lados opostos por questões salariais e trabalhistas, mas desta vez se uniram.

O movimento de protesto já tinha sido anunciado no site do sindicato dos armadores. Dois cargueiros que deveriam ter operado nesta segunda desistiram de atracar. O Empress entrou no porto com um salvo-conduto dos grevistas, mas foi surpreendido pela mudança de atitude.

Uma reunião de representantes do movimento com funcionários do Ministério da Pesca e do Meio Ambiente estava prevista para 18h, mas foi cancelada. Pouco depois, os  manifestantes se reuniram em assembleia no píer de Itajaí e decidiram continuar o movimento.

Segundo a Capitania de Portos de Itajaí o bloqueio do porto é ilegal e sujeita os tripulantes à prisão e os armadores à multas.