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Trens do Rio apresentam média de mais de um problema por semana

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

10/01/2015 06h00

Os problemas com os trens do Rio de Janeiro --sistema administrado pela concessionária Supervia, que pertence à empreiteira Odebrecht-- resultaram, em 2014, na abertura de 64 boletins de ocorrência no âmbito da agência reguladora de transportes do Estado do Rio, a Agetransp.

A média é de mais de um problema por semana no período de janeiro a dezembro, o que inclui descarrilamentos, atropelamentos, colisões, falhas técnicas e operacionais, interrupções do serviço, entre outros. Somente no ano passado, a concessionária recebeu multas cujos valores somados ultrapassam os R$ 25 milhões.

Em três anos, foram 223 boletins de ocorrência abertos pela Agetransp em razão de problemas com os trens. Isso quer dizer que, a cada cinco dias, os passageiros da Supervia sofrem com algum tipo de transtorno.

Na comparação com os anos anteriores, porém, as informações da Agetransp mostram que houve, em 2014, uma queda no número de ocorrências. Em 2013, a agência reguladora abriu 87 boletins de ocorrência, isto é, 23 a menos em relação ao ano passado. Já em 2012, a Agetransp abriu 72 boletins de ocorrência.

Um dos casos de maior repercussão ocorreu em janeiro de 2014, quando um trem descarrilou na altura da estação de São Cristóvão, na zona norte do Rio, logo pela manhã, provocando caos no sistema por mais de dez horas. Passageiros tiveram que caminhar sobre os trilhos.

O acidente resultou na quebra das estruturas de sustentação da rede aérea e de sinalização da linha férrea, com interrupção da circulação em todos os ramais. Com a volta para casa prejudicada, houve reflexo em outros meios de transporte, como ônibus e metrô.

Em nota, a Supervia informou que, desde 2011, "o desempenho da concessionária vem melhorando significativamente com base nos índices operacionais". A empresa argumentou ainda que respeita a fiscalização da Agetransp e se coloca à disposição para prestar esclarecimentos.

Colisão deixa mais de 200 feridos

O ano de 2015 também não começou bem para o sistema ferroviário do Rio. Na última segunda-feira (5), dois trens colidiram em uma estação em Mesquita, na Baixada Fluminense, deixando 229 pessoas feridas --nenhuma com gravidade. A Agetransp e a Polícia Civil investigam as causas do acidente.

O choque envolveu um trem que estava em movimento e outro, parado na plataforma, que acabou sendo atingido na traseira. O maquinista da composição que estava parada, Fábio Oliveira Riboura, em depoimento à polícia, afirmou que o condutor do trem em movimento teria avançado um sinal vermelho.

Riboura declarou não ter se ausentado de sua mesa, de onde controla parte da linha, em uma tela, e disse ter solicitado contato via rádio com o outro maquinista, imediatamente após constatar, pelo sistema, que a composição não havia parado no sinal.

Já o maquinista da composição em movimento negou que tenha cometido alguma irregularidade. As versões deles, assim como a do controlador de tráfego da Supervia, serão confrontadas em uma acareação.

Passageiros que estavam em um dos trens afirmaram que, após a batida, "as pessoas pisavam umas nas outras". "O trem estava lotado e estava tudo escuro. Quando houve a batida, foi uma gritaria sem fim. Bati com a cabeça e apaguei. Quando acordei, minha perna estava presa embaixo do banco e tinha uma mulher protegendo minha cabeça, porque as pessoas estavam pisando umas nas outras", relatou Pâmela de Oliveira, 24, atendida no Hospital da Posse, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.

José Francisco da Silva, 30, estava no penúltimo vagão do trem parado na estação antes da colisão. Ele machucou o peito e procurou uma unidade de pronto-atendimento. "O trem vinha parando de cinco em cinco minutos. Quando chegou na estação de Juscelino, ficou muito tempo parado. Um rapaz então gritou: 'está vindo outro trem'. Então, veio o impacto e todo mundo caiu um por cima do outro. O pessoal gritou que estava pegando fogo, então pulei pela janela", contou.

Após batida, homem fica embaixo de vagão