Topo

Não tem nada melhor que uma rua limpinha, diz vencedora do Miss Gari no DF

Dolessandra Rodrigues Soares posa com a faixa de Miss Gari Distrito Federal - Divulgação/Administração Regional de Ceilândia
Dolessandra Rodrigues Soares posa com a faixa de Miss Gari Distrito Federal Imagem: Divulgação/Administração Regional de Ceilândia

Jéssica Nascimento

Do UOL, em Brasília

18/05/2015 11h59

“Nunca imaginei que iria levar o primeiro lugar. Tinha candidatas mais bonitas, sabe? Estou tão feliz que nem consigo explicar. Já passei por tantos preconceitos nessa profissão que esse título faz valer a pena todo o sofrimento”, diz Dolessandra Rodrigues Soares, 29 anos. Ela foi escolhida a Miss Gari Distrito Federal na noite de sábado (16) em Ceilândia. Ao todo, 13 participantes deixaram as vassouras de lado e participaram do concurso.

Dolessandra é moradora de Taguatinga Norte, cidade localizada a cerca de 20 quilômetros de Brasília. Mora com o pai, a avó e sua única filha de 10 anos. Ela é gari há sete anos e sente muito orgulho da profissão. “Acredito que estou fazendo um grande papel na sociedade. Ser gari é divino. Não tem nada mais agradável do que caminhar em uma rua limpinha, né?”

A gari não consegue explicar o que sentiu na hora que a anunciaram como campeã. “Foi uma mistura de sentimentos. Fiquei muito nervosa, assustada e feliz. Valeu a pena demais”. Dolessandra também revela que não fez nenhum tratamento de beleza para participar do concurso. “A única coisa que fiz de diferente foi uma maquiagem para desfilar”, brinca.

Dolessandra ganhou R$ 500 em vale-compras em uma rede de supermercados da cidade e também cinco dias de folga. “O prêmio não foi o mais importante. Ganhei novas amigas e o reconhecimento da população.”

Uniforme gera preconceito

Segundo a miss, o preconceito sofrido devido à profissão é constante. Ela conta que já teve que ficar debaixo de chuva com outra colega de trabalho, pois o uniforme usado espantava os clientes. “Estávamos sentadas em uma escada de um estabelecimento esperando um forte temporal passar. De repente, a dona da loja pediu para que a gente saísse de lá, pois estávamos 'atrapalhando' a entrada da clientela.”

Graziely Emanuely Pereira, 27 anos, ficou em 6º lugar no concurso. Gari há dois anos, ela espera que a competição ajude na erradicação do preconceito. “Quando pego ônibus, por exemplo, ninguém senta do meu lado quando estou de uniforme”. Mesmo não levando a faixa, a jovem sonha em ser modelo. “Minha autoestima ficou lá em cima. Muitas pessoas me elogiaram bastante, estou muito feliz.”

Miss Gari DF - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Candidatas ao Miss Gari Distrito Federal 2015 posam para foto com a representante de Ceilândia no concurso Miss DF 2015, Loyanne Faria
Imagem: Arquivo pessoal

Evento terá segunda edição

A primeira edição do Miss Gari surgiu da iniciativa da fiscal de varrição de Ceilândia Fátima Dias e contou com o apoio da Administração Regional,  do Serviço de Limpeza Urbana do Distrito Federal, além de parceiros na área de beleza. Segundo a organização, cerca de mil pessoas participaram da cerimônia. 

O administrador regional de Ceilândia (cargo equivalente a prefeito no Distrito Federal), Vilson de Oliveira, diz que o concurso é uma oportunidade de valorizar as mulheres e também de conscientizar a população em manter a cidade limpa. “Elas trabalham duro diariamente, faça sol ou faça chuva. É preciso que todos reconheçam o esforço delas e não joguem lixo na rua”, afirmou.

Os organizadores também prometem uma segunda edição do evento. O objetivo é expandir o concurso para outras regiões do DF, visto que as candidatas de 2015 representaram apenas as cidades de Ceilândia, Taguatinga e Riacho Fundo.