"A cidade quer matá-lo. Se errou, tem de pagar o pato", diz pai de jovem
O adolescente J.S.R, 16 anos, nas últimas semanas estava trabalhando. Fazia bicos de operário braçal na construção da casa de um dos vereadores de Castelo do Piauí. Passava parte do tempo no trabalho e outra parte consumindo drogas lícitas, principalmente cachaça, e também drogas ilícitas.
O emprego era uma chance dada pelo político como incentivo para o rapaz sair da vida da criminalidade.
Ele foi o primeiro a ser preso justamente por voltar com sinais de estar drogado, com roupa suja e calça manchada de sangue.
A mãe de J.S.R., a dona de casa Fernanda (todos os nomes de parentes são fictícios), teve de se mudar de casa por ameaças. Ela morava sozinha com o adolescente em um casebre nas proximidades de uma lagoa do bairro Cohab. Somente um cachorro e algumas roupas estendidas há dias no sol denunciavam que alguém habitava o cubículo, feito de taipa. O lugar estava fechado a corrente. De todas as casas dos quatro acusados, é a menor e a mais simples.
Os vizinhos limitam-se a observar e a fazer especulações. Muitos deles passam o dia na porta observando a movimentação de pessoas na casa.
Fernanda estava separada do pai do garoto desde o final do ano passado. Ela não consegue falar sobre o caso. Questionada sobre o que acha de tudo isso, começou a ficar nervosa e a soluçar.
O pedreiro Cláudio, 40, mora com a mãe, no Centro de Castelo do Piauí. Eram nítidas as expressões de vergonha que estava sentindo pelo ato que o filho é acusado. Ele diz que a família está toda abalada, mas que compreende que sofrimento maior é o das famílias das meninas. “O crime é imperdoável”, frisou o pai.
Perguntado se acha que o filho tem algo a ver com o brutal crime relatou que há testemunhas que dizem que J.S.R., no momento do ocorrido, estava juntando estacas. “Ele andava junto sim com os outros, mas de uns dias para cá eles estavam brigados”, revelou o pedreiro.
Cláudio diz que J.S.R. era usuário de drogas e já tinha sido preso algumas vezes.
Mas a principal revelação do pai do garoto é que sabe que se ele retornar a Castelo do Piauí será morto. “A cidade quer fazer isso. Se ele fez, que coma o pepino sozinho. A gente não apoia. Se errou, tem de pagar o pato”, sentenciou.
Assim como os outros garotos os familiares de J.S.R. ainda não o visitaram em Teresina. A mãe alega condições financeiras e o pai disse que não quer ver o garoto.
O lugar em que as meninas foram atacadas virou ponto de peregrinação. Mais de 200 pessoas visitam diariamente o lugar. Muitos procuram pertences, outros especulam e quase a maioria quer vingança.
Confira as outras histórias dos acusados de envolvimento no caso:
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*Reportagem publicada originalmente no site “O Olho”
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