Varginha quer investir no turismo científico nos 20 anos da chegada do ET
Uma cidade do interior que ganhou uma nova vocação do espaço - literalmente. Essa é uma das definições que Varginha (MG) pretende adicionar a sua história, além da ser a "Cidade do Café" e a "Capital Brasileira da Ufologia".
A "aparição dos ETs" na cidade - sim, mais de um - completa 20 anos neste mês de janeiro e o município pretende implantar de vez o turismo científico, com a intenção de atrair estudiosos de astronomia e reforçar a fama de paraíso dos ufólogos - pessoas que estudam fenômenos considerados extraterrestres, como supostas aparições de discos voadores.
Entretanto, não há animação nem entusiasmo na cidade por conta do aniversário do ET - oficialmente, 13 de janeiro, que foi o primeiro dia em que os fenômenos atribuídos a extraterrestres foram registrados. Nenhum evento especial está programado, e a cidade não se preparou para receber eventuais turistas.
"O 'ET de Varginha' já faz parte do nosso cotidiano, é uma coisa natural conviver com as histórias sobre as aparições, e levamos na boa as brincadeiras com o fato. Talvez por isso não se fale tanto em comemorações", diz o empresário André Yuki, presidente do Sindicato Empresarial de Hospedagem e Alimentação de Varginha (Sehav).
Apesar de reconhecer que a data é importante, Yuki admite que não há nada programado oficialmente para celebrar os 20 anos do ET. A preocupação na cidade é com eventos ligados ao café, a grande atividade econômica que sustenta Varginha. "Claro que a cidade ficou conhecida internacionalmente com o ET, mas o café é o que empurra a nossa economia."
Sem entusiasmo
A situação é tão estranha que até mesmo uma personalidade de destaque da cidade, o advogado Ubirajara Rodrigues, pretende deixar passar a data. Presidente da seção municipal da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), ele ficou conhecido na década de 1990 como um dos principais ufólogos do Brasil. É considerado o responsável pela descoberta do que se convencionou chamar de "Caso Varginha".
De forma educada, mas contundente, declarou que não tinha intenção de falar sobre o assunto ou de participar de qualquer evento de ufologia ou que marcasse os 20 anos da suposta aparição de extraterrestres na cidade.
"Foi Rodrigues quem ouviu as primeiras histórias a respeito do assunto e começou a fazer as primeiras investigações e descobertas", diz o escritor, pesquisador e palestrante Marco Antonio Petit, membro da CBU (Comissão Brasileira de Ufólogos) e um dos principais nomes da ufologia nacional. Ele é o autor do livro "Varginha - Toda a Verdade Revelada", editado no ano passado pela Biblioteca UFO.
Segundo Petit, Rodrigues investigou os primeiros relatos poucos dias depois do marco inicial, a suposta queda de uma nave espacial em uma fazenda da cidade, no dia 13 de janeiro. Logo em seguida, o advogado receberia a importante contribuição de outro ufólogo mineiro, Vitório Pacaccini, de Belo Horizonte.
"A pesquisa inicial de campo que os dois fizeram, assim como as entrevistas com as testemunhas, foram cruciais para que tivéssemos a documentação daquele que é possivelmente um dos casos mais importantes da ufologia mundial. Alguns meses depois fui convidado a integrar o grupo de pesquisa, ao lado do engenheiro paulista Claudeir Covo. Nós quatro conseguimos avançar bastante nas pesquisas, mas ainda existe muita coisa a ser investigada", afirma Petit.
O pesquisador, no entanto, lamenta o afastamento de Rodrigues e Pacaccini da ufologia. "Sem maiores explicações, os dois se afastaram do caso e de tudo dois anos depois. Pacaccini desapareceu e Covo morreu em 2012. Estou só na condução das investigações."
Memorial e planetário
Alheio ao clima de pouco entusiasmo nas comemorações, o prefeito de Varginha, Antonio Silva (PTB), planeja estender as celebrações ao longo do ano, e por uma questão de pragmatismo: o Memorial do ET, a principal obra que marcaria os 20 anos do aparecimento dos ETs, não está pronto.
"Temos a intenção de finalizá-lo até o final do primeiro semestre. Será um misto de museu e centro cultural dedicado aos estudos de astronomia e ufologia, com painéis com toda a repercussão na imprensa que o caso teve, em vídeo, áudio, livros e reprodução de jornais", diz o prefeito.
O memorial é o pontapé de um projeto de incentivo ao turismo científico, que tem como ponto central a construção de um planetário. A ideia é que esta obra comece ao menos a ser licitada, ou planejada, assim que o Memorial do ET for inaugurado.
O empresário André Yuki, do Sehav, afirma que a cidade poderia ter feito bem mais para marcar a data, e Silva reconhece em parte a culpa na questão. "Não há nada programado agora, mas dedicaremos o ano todo à questão. Afinal, Varginha ficou conhecida internacionalmente além do café pelos eventos de 1996. A cidade abraçou o ET e tem orgulho da fama que conquistou."
O clima chocho para celebração também se reflete quando a questão primordial é levantada: afinal, os habitantes acreditam em disco voador? Em ETs? Em vida em outros planetas? Acreditam nos eventos que supostamente ocorreram em Varginha em janeiro de 1996?
Antonio Silva dá o tom mineiro na questão: "Não há uma conclusão sobre o 'Caso Varginha'. Não temos comprovação de que as criaturas estiveram aqui. Ninguém pode afirmar ou desmentir. Então, que fiquemos com as lendas que tornaram a cidade célebre."
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