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Sem tomar remédios, catarinense comemora 110 anos com uma cervejinha

Manuel Antunes de Souza comemorou 110 anos com uma cervejinha e tocando sua gaita - Aline Torres/UOL
Manuel Antunes de Souza comemorou 110 anos com uma cervejinha e tocando sua gaita Imagem: Aline Torres/UOL

Aline Torres

Colaboração para o UOL, em Florianópolis

01/06/2016 06h01

A terça-feira (31) foi dia de festa no Lar da Terceira Idade Padre Antonio Luiz Dias, em Camboriú (SC). Manuel Antunes de Souza comemorou seus 110 anos tomado uma cervejinha.

O centenário tem fama de festeiro. Em um ritual diário, ele toca sua gaita de boca quando acorda e, claro, que não perdeu a oportunidade de fazer música no seu aniversário. "A gaita está fraca, mas ainda toca", brincou Manuel, já que o fôlego não é mais o mesmo. 

Surpreendentemente, ele vive uma velhice sem dores. Não sofre de nenhuma doença comum na terceira idade. Nunca teve hipertensão, osteoporose, diabete, cegueira, surdez, mal de Parkinson, Alzheimer, bronquite, infarto ou AVC. Essas doenças afetam três em cada quatro idosos com mais de 60 anos, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

“Ele não se queixa de nada, é extremamente saudável e não toma nenhum remédio”, conta a coordenadora da instituição, Paola Hoffmann.

Manuel nasceu no dia 31 de maio de 1906 em Campos Novos, no oeste catarinense. O município tinha se emancipado havia apenas 25 anos e foi palco da Guerra do Contestado, entre 1912 e 1916, travada por caboclos que lutavam contra a opressão do governo federal.

O idoso não sabe explicar o segredo da sua longevidade. Teve uma vida simples, não aprendeu a ler nem escrever. Mas cresceu integrado à natureza, plantava seus alimentos e foi como permaneceu até não conseguir mais cuidar de si. Trabalhou durante anos como açougueiro até ir morar num sítio em Camboriú, aos 90 anos.

Ele não teve filhos e a companheira morreu há alguns anos. Não tem mais ninguém na família. Morou no sítio até os 102 anos, se cuidando sozinho, mas por conselho de amigos resolveu procurar apoio no asilo, que ele paga com a aposentadoria.
 
Manuel fala pouco, come pouco. Ninguém o visita no asilo onde mora há oito anos. “Ele é lúcido, mas não é de muita conversa”, disse Hoffmann.

Apesar do acanhamento, é um homem vaidoso. Mesmo quando morava sozinho no sítio, usava terno e gravata. Neste aniversário ganhou de presente mais um chapéu para a sua coleção. Estava vestido com sapato e calça social e carregava um terço no pescoço. Ele se define como um homem religioso. 

A expectativa de vida de um brasileiro é de 75 anos, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em Santa Catarina havia, em 2010, data do último Censo, 405 pessoas com mais de 100 anos. A idosa mais velha do Estado, Álida Grubba, comemorou 112 anos no dia 10 de julho do ano passado. Mas tudo indica que Manuel ainda chega lá.