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Irmão do goleiro Bruno é indiciado no Rio por crimes contra Eliza Samudio

Do UOL, no Rio

08/07/2016 11h07

A Polícia Civil do Rio de Janeiro informou nesta sexta-feira (8) que o irmão do goleiro Bruno Fernandes foi indiciado no caso do desaparecimento de Eliza Samudio, que era amante do ex-jogador do Flamengo e, segundo a Justiça, foi assassinada em 2010 --o corpo nunca foi encontrado. Rodrigo Fernandes das Dores Souza está preso no Piauí sob suspeita de ter estuprado uma adolescente no bairro Satélite, em Teresina, em setembro do ano passado.

A Deam (Delegacia Especial de Atendimento à Mulher) informou ter apurado coautoria de Rodrigo na trama para matar e ocultar o cadáver de Eliza. O caso será encaminhado para o Ministério Público do Estado do Rio, que poderá ou não oferecer denúncia à Justiça fluminense.

Na versão sustentada pelos investigadores, Bruno contou com a ajuda do irmão e do amigo Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, para cometer contra a vítima os crimes de sequestro e tentativa de aborto. Em 2010, segundo a denúncia, Eliza foi levada junto com o filho do Rio, onde morava, para um sítio em Minas Gerais, local onde teria sido assassinada. A investigação ocorreu nos dois Estados (RJ e MG).

Para a polícia, participaram do sequestro Rodrigo, Macarrão e um primo do goleiro, um adolescente de 17 anos, cujo depoimento ajudou a elucidar o caso. Em 2013, Bruno foi condenado pela Justiça de Minas Gerais a 22 anos de prisão e atualmente cumpre pena na APAC (Associação de Proteção e Assistência ao Condenado) de Santa Luzia, cidade da região metropolitana de Belo Horizonte. Além do goleiro, que está outras sete pessoas foram presas pelos crimes contra Eliza.

O UOL não conseguiu identificar e localizar a defesa de Rodrigo. No Piauí, o processo no qual ele responde por estupro de vulnerável foi distribuído para a Defensoria Pública do Estado. A reportagem entrou em contato com a assessoria de comunicação do órgão público, por telefone, mas não houve resposta até o momento.

Pacto de silêncio

Na terça-feira (5), em entrevista à "TV Meio Norte", Rodrigo afirmou que existe um "pacto entre várias pessoas" para não dar detalhes sobre o paradeiro do corpo de Eliza. Ele disse que a facção Comando Vermelho, que controla o tráfico de drogas em várias favelas cariocas, estaria envolvida com os crimes. "Não pode mais se negar. Está até nos autos, com as pessoas envolvidas. Está classificado pela própria delegacia de Jacarepaguá", disse, citando que, por medo de ser morto quando voltar à rua, não iria dar mais detalhes sobre o assunto.

Rodrigo disse ainda que o grupo PCM (Primeiro Comando do Maranhão) também teria envolvimento. Segundo a investigação, o irmão de Bruno seria integrante desse grupo. "Sobre isso não posso falar", afirmou.

O PCM é um dos grupos que tomam conta dos presídios do Estado e foi responsável, com a facção "Bonde dos 40", pelas 60 mortes no Complexo Prisional de Pedrinhas, no Maranhão, em 2013.

O irmão de Bruno deu a entender que sabe o local onde estão os restos mortais da ex-amante, mas disse que não iria contar. "Esse assunto interessa à Justiça. Eu não vou pegar as cartas da manga da camisa e jogar na mesa. É o seguinte: a Justiça trabalha com informações…"

À Polícia Civil do Piauí, Rodrigo teria contado onde estariam os restos mortais de Eliza, mas o delegado não deu mais informações.

Rodrigo disse que o silêncio é por medo de pessoas envolvidas no crime e citou a existência de um pacto "com Bruno e outras pessoas" para não revelar como tudo aconteceu. "É o seguinte: Existem dois grupos fortes [envolvidos no crime], PCM e CV. Amanhã eu tô na rua, quem vai me dar proteção? O Estado do Piauí? Se hoje abrir a boca tudo a respeito desse fato, amanhã… estou começando a falar a parte em que estou citado", explicou.