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Sob Dilma, qualidade de vida melhora, mas em ritmo menor, diz estudo

Segundo estudo Radar IDHM, educação melhorou em ritmo lento no 1º governo Dilma - Danilo Verpa/Folhapress
Segundo estudo Radar IDHM, educação melhorou em ritmo lento no 1º governo Dilma Imagem: Danilo Verpa/Folhapress

Leandro Prazeres

Do UOL, em Brasília

22/11/2016 10h30Atualizada em 22/11/2016 15h45

O ritmo da melhora dos indicadores sociais do Brasil diminuiu durante os quatro primeiros anos do governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), mas a qualidade de vida no país entre 2011 e 2014 melhorou, segundo estudo divulgado nesta terça-feira (22) por Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e Fundação João Pinheiro. Entre os fatores que mais contribuíram para a melhora do desenvolvimento humano no país no período pesquisado estão o aumento da renda per capita e o aumento da expectativa de vida.

O Radar IDHM é um estudo que compara 60 indicadores sociais produzidos pela Pnad (Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios), feita anualmente pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal) é um índice criado em 2013 para avaliar a qualidade de vida nos municípios brasileiros e é composto por três grandes sub-índices: o IDHM-Longevidade reúne dados como a esperança de vida ao nascer e a mortalidade infantil; o IDHM-Renda avalia itens como renda per capita e população em situação de vulnerabilidade; já o IDHM-Educação avalia índices como percentual da população acima de 18 anos com ensino fundamental completo e proporção de crianças entre cinco e seis anos de idade frequentando a escola. 

De acordo com o relatório, o IDHM do Brasil cresceu a uma taxa de 1,0% ao ano entre 2011 e 2014, saindo de 0,738 para 0,761. Quanto mais perto de 1, melhor o indicador. Essa média de crescimento anual é 41,18% inferior à registrada entre 2000 e 2010, quando o ritmo de subida foi de 1,7% ao ano. Foram analisados dados nacionais, estaduais e de nove regiões metropolitanas (Belém, Fortaleza, Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre).

De acordo com o estudo, todos os três sub-índices apresentaram melhora durante os quatro primeiros anos do governo de Dilma, afastada por um processo de impeachment em agosto deste ano.

Os quesitos que avaliam a renda foram os que mostraram maior vigor entre 2011 e 2014. Segundo a pesquisa, a renda per capita do brasileiro aumentou 4,8% ao ano no período, saindo de R$ 698,48 em 2011 para R$ 803,36. A média entre 2000 e 2010 foi de um aumento de 3% ao ano.

O índice de pessoas em situação de vulnerabilidade (com renda domiciliar inferior a meio salário mínimo) apontou uma queda de 9,3% ao ano, saindo de 29,6% da população em 2011 para 22,1% em 2014. Entre 2000 e 2010, a velocidade de queda da população em situação de vulnerabilidade foi de 3,9% ao ano.

Os índices que avaliam a educação e a longevidade (esperança de vida e mortalidade infantil) também apresentaram melhora, mas abaixo do ritmo verificado entre 2000 e 2010.

O IDHM-Educação teve uma alta de 1,5% ao ano entre 2011 e 2014, enquanto no período anterior, a velocidade de crescimento foi de 3,4%. Em relação à longevidade, também houve avanços, mas em ritmo mais lento. O IDHM-Longevidade cresceu 0,6% ao ano entre 2011 e 2014, enquanto no período anterior, o ritmo foi o dobro: 1,2% ao ano.

Período pré-crise

A coordenadora do relatório de desenvolvimento humano do Pnud, Andrea Bolzon, diz que os índices apontados pelo Radar IDHM mostram que, apesar da oscilação da economia no primeiro governo da presidente Dilma, no âmbito social, não houve “grandes retrocessos”.

“Mesmo nesse período em que o PIB (Produto Interno Bruto) oscilou muito, a renda cresceu a uma velocidade mais alta que no período anterior. Como a renda não foi tão ruim e os índices relacionados à longevidade, não tivemos grandes retrocessos nesse período”, afirmou Bolzon. Entre 2011 e 2014, o PIB brasileiro saiu de uma taxa de crescimento de 4% para 0,5%.  

A coordenadora diz, no entanto, que por conta do seu recorte, a pesquisa não é capaz de avaliar os eventuais impactos da crise econômica que atingiu o país nos anos de 2015 e 2016 nos indicadores sociais.

“Os dados que usamos foram de anos pré-crise. Não temos como saber o que as próximas pesquisas vão apontar diante da retração da economia”, explica Bolzon.

Ao falar sobre o os indicadores de desigualdade social medidos pelo Radar IDHM, a coordenadora defendeu a adoção de medidas como a taxação de fortunas e de heranças. Ela argumenta que, nos últimos anos, as políticas públicas estiveram focadas na redução da pobreza extrema, mas que para reduzir a desigualdade social, apenas essas medidas não seriam suficientes. “Acho que tem uma opção das políticas públicas que têm sido voltadas para alívio da pobreza e inclusão das pessoas. Diminuição de desigualdade é um outro conjunto de políticas. Temos que pensar em taxar grandes fortunas, taxar heranças, são outras políticas que poderiam ser implementadas e discutidas pela sociedade”, afirmou Bolzon.

Entre os anos de 2011 e 2014, o índice de Gini, um dos principais indicadores da desigualdade social, ficou praticamente estável. Em 2011, o índice era de 0,53, e em 2014, foi para 0,52. Neste índice, quanto mais perto de zero, melhor o indicador.

Entenda o Radar IDHM

Para entender melhor o que significa o Radar IDHM e o que ele mede, o UOL preparou algumas perguntas e respostas. Confira:

O que é o Radar IDHM?

É um estudo que realiza o cálculo do IDHM de 2011 a 2014 com base em dados produzidos pela PNAD. O estudo aponta tendências sobre o comportamento de indicadores sociais que avaliam a qualidade de vida no Brasil, nos 26 Estados e no Distrito Federal e em nove regiões metropolitanas.

E o que é o IDHM?

O IDHM é a sigla para Índice de Desenvolvimento Humano Municipal. Trata-se de um indicador lançado em 2013 que coleta dados dos Censos realizados pelo IBGE para medir a qualidade de vida nos municípios brasileiros. A metodologia usada no cálculo do IDHM é similar à usada pelas ONU (Organização das Nações Unidas) para calcular o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) dos países e leva em consideração três quesitos básicos: renda, educação e saúde.

Por que foi criado o Radar IDHM?

Porque o IDHM só avalia dados produzidos pelos Censos, que são realizados a cada 10 anos. A ideia é que o Radar IDHM ajude formuladores de políticas públicas a visualizar quais as tendências registradas pelos indicadores sociais entre os anos que não são abrangidos pelos Censos do IBGE.

Por que o Radar IDHM não apresenta dados do Brasil todo, como o IDHM?

Porque a base de dados usada pelo Radar é diferente da utilizada pelo IDHM. A fonte de informações para o Radar IDHM é a PNAD e a do IDHM é o Censo.

É possível comparar uma pesquisa com a outra?

Não, justamente porque as fontes de informações são diferentes.