Veja quem são as pessoas que fazem o Réveillon de Copacabana acontecer

Todos os anos, Copacabana, na zona sul do Rio, recebe cariocas e turistas das mais diferentes partes do globo que viajam até a cidade para acompanhar a tradicional queima de fogos realizada pela prefeitura na praia.
Neste ano, a festa diminuiu. Por conta de restrições orçamentárias, reflexo da crise no Estado, a queima de fogos passou de 16 minutos para 12 e haverá apenas um palco na praia, ao contrário dos outros anos, em que artistas se apresentavam em três espaços. A previsão de público, no entanto, segue a mesma: cerca de 2 milhões de pessoas devem acompanhar na praia a chegada de 2017.
Enquanto parte do público apenas aproveita, centenas de outras pessoas trocam o Réveillon com amigos e familiares pelo plantão na areia e arredores garantindo a beleza e a segurança da virada de ano.
Confira abaixo as histórias de algumas das pessoas que fazem o Ano-Novo no bairro acontecer.
Salva-vidas
“Trabalhar na virada pode ser uma maravilha ou pode não ser, tudo depende da água”, diz Amaury, na torcida por um “mar de almirante”, com águas tranquilas. No ano passado, em que o mar foi considerado revolto, foram realizados cerca de 900 salvamentos na praia.
No geral, apenas os salva-vidas mais experientes são escalados para este plantão. Murilo conta que as famílias dos dois costumam trazer cadeiras e barracas e organizam uma ceia na areia, próximo às áreas que os dois patrulham. “A gente fica na atividade, apitando, tentando evitar que o pessoal mais afoito, alcoolizado, entre na água, mas, quando sobra um tempinho, damos uma passada para dar feliz ano novo”, conta.
Por conta da crise financeira no Estado, os dois, assim como o restante dos servidores estaduais, começarão 2017 sem ter recebido o 13º e escaparam de ter o salário parcelado graças a um acordo com o governo, que garantiu o pagamento integral dos servidores de segurança pública. Amaury, no entanto, acredita que a situação não deve afetar a festa. “O povo aqui é muito festeiro, não vai deixar de comemorar”, diz.
Garis
Moradora de Villar dos Telles, na cidade vizinha de São João do Meriti, a cerca de 40 quilômetros da orla, e fã da queima de fogos --“é a melhor parte”--, Marcela diz gostar do plantão especialmente pela possibilidade de acompanhar o Réveillon no bairro. “Tenho um filho de dois anos, não teria como trazer. Não fosse o trabalho, eu passaria em casa”, diz.
Na virada, diferentemente do resto do ano, conta Alice, as pessoas são mais amigáveis e fazem questão de cumprimentar os garis. “Todo mundo fica abraçando a gente, dando água, guaraná, feliz ano novo. Quem dera fosse assim sempre."
Guardas municipais
“Ajudamos quem passa mal, separamos brigas entre o pessoal mais alcoolizado, procuramos as crianças perdidas, ordenamos o trânsito… É uma noite longa”, diz Edinardo.
Apesar de gostar dos fogos, Prado, morador de Nilópolis, na Baixada Fluminense, a cerca de 50 quilômetros da praia, conta que a família evita vir até a orla na virada; quando está de folga, ele faz o mesmo. “É muito longe, o transporte fica complicado, prefiro ficar em casa”, diz, ao lembrar que o trânsito do bairro é fechado durante o Ano-Novo, o que obriga turistas e moradores a usarem o metrô ou caminhar até os bairros vizinhos de Ipanema e Botafogo para deixar a praia.
Assim como Alice, eles veem na recepção do público a melhor parte de trabalhar no feriado. “As pessoas estão felizes, mais bem dispostas, dão feliz ano novo, nos abraçam”, lembra Prado, que caminha para a sua sétima virada de ano trabalhando.
Barraqueiros
O cardápio para os clientes segue o mesmo: cadeiras a R$ 10, guarda-sóis a R$ 25, caipirinhas e refrigerantes e bebidas variadas. Barraca adentro, no entanto, a família dele e do irmão, que cuidam do espaço desde que o pai, Miguel, morreu em 2011, prometem uma ceia gorda para as cerca de 25 pessoas que devem acompanhá-los na virada. “Vai ter bacalhau, camarão, salgadinho, frutas, biscoito…”, enumera.
Acostumado a passar o feriado ao lado do pai na barraca desde criança, ele tem menos expectativas para este Ano-Novo. Nos outros anos, conta, a sua e outras barracas precisavam ser trocadas de lugar devido ao tamanho do palco principal, o que não ocorreu. “Os fogos não devem ser tão bonitos. Vai ser fraquinho. Olha só o tamanho do palco, nem precisaram remanejar a gente”, diz, apontando para a estrutura montada na praia.