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Arcebispo de Porto Alegre defende greve convocada para sexta (28)

Dom Jaime Spengler se junta a outros arcebispos que defendem a greve - Reprodução/Facebook/Dom Jaime Spengler
Dom Jaime Spengler se junta a outros arcebispos que defendem a greve Imagem: Reprodução/Facebook/Dom Jaime Spengler

Flávio Ilha

Colaboração para o UOL em Porto Alegre

27/04/2017 11h29

O arcebispo de Porto Alegre, dom Jaime Spengler, divulgou nota oficial na noite de quarta-feira (26) atacando as reformas apresentadas pelo governo federal ao Congresso e defendendo a greve geral da próxima sexta-feira (28), convocada pelas principais centrais sindicais do país. Sem citar as mudanças nas leis trabalhistas ou na Previdência, o arcebispo salientou que a população “tem o direito de ser ouvida”.

“Diante das propostas que estão sendo apresentadas pelo governo federal, é fundamental que se ouça a população em suas manifestações. O povo tem o direito de ser ouvido. Reformas que incidem mais diretamente sobre a vida da maioria do povo precisam ser levadas adiante com muito discernimento. Importante que as reformas tenham sempre em consideração a inclusão social”, escreveu.

Dom Jaime também endossou nota da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), de março último, que considerou a reforma da Previdência um “caminho da exclusão social”. A nota convoca “cristãos e pessoas de boa vontade” a se mobilizarem contra a reforma, “a fim de busca o melhor para o nosso povo, principalmente os mais fragilizados”.

Em função da greve, a Cúria Metropolitana de Porto Alegre não terá atividades administrativas nesta sexta-feira, de acordo com o vigário-geral Cirineu Furnaletto. As missas, entretanto, não deverão ser afetadas.

O posicionamento segue orientação da CNBB, que na sua Assembleia Geral iniciada na quarta-feira em Aparecida do Norte (SP), discutirá “temas da política brasileira atual”, segundo a assessoria de imprensa.

O secretário-geral da CNBB, dom Leonardo Steiner, declarou antes do início da Assembleia que apoia as “manifestações coletivas da população” desde que sejam marcadas pelo respeito à vida, ao patrimônio público e privado e que fortaleça a democracia.

“Certamente o conteúdo das manifestações se dará no sentido de defesa dos direitos dos trabalhadores do campo e da cidade, de modo muito particular dos mais pobres. O movimento sinaliza que a sociedade quer o diálogo, quer participar, quer dar sua contribuição. Reformas de tamanha importância não podem ser conduzidas sem esse amplo debate”, declarou.

Outros arcebispos defendem greve

Outras dioceses do país também se manifestaram favoravelmente à greve geral. Em Maceió (AL), o arcebispo dom Antônio Muniz convocou os fiéis a comparecerem a um ato de protesto que será realizado no Centro da cidade. “O arcebispo chama para a luta por um Brasil melhor e contra a maneira de se fazer reformas. Como todo cidadão, além de um bom cristão, é preciso reivindicar nossos direitos”, afirmou dom Antônio em nota divulgada pela Cúria.

Na Paraíba, o arcebispo dom Manoel Pedreira da Cruz, de Campina Grande, anunciado pelo Vaticano em março, divulgou um vídeo nas redes sociais criticando o governo. “Sabemos que esta reforma (da Previdência) implica em retirar direitos adquiridos dos trabalhadores, assegurados na Constituição. Por isso convocamos todos a participar dessa grande manifestação (greve geral) para dizer que o povo não aceita essa reforma nos termos em que estão anunciando”, diz o religioso.

Também em vídeo, o arcebispo de Olinda e Recife (PE), Fernando Saburido, convocou os fiéis para as manifestações contra as reformas trabalhista e da Previdência. “A classe trabalhadora não pode permitir que os direitos arduamente conquistados, com intensa participação democrática, sejam retirados. Qualquer ameaça a esses direitos merece imediato repúdio”, declarou.

Procurada, a Secretaria de comunicação da Presidência não quis comentar a mobilização. Em diversas ocasiões, Temer disse que as reformas são necessárias para o país voltar a crescer e retomar a geração de empregos. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, chegou a dizer que sem a reforma da Previdência o Brasil pode “quebrar”. Sobre a reforma trabalhista, Temer tem dito que é necessário modernizar as normas que regem as relações de trabalho.