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Greve une centrais sindicais rivais e afeta transportes e serviços no RS

Manifestantes se concentram no largo Glênio Peres, no centro de Porto Alegre - Flavio Ilha - 28.abr.2017/UOL
Manifestantes se concentram no largo Glênio Peres, no centro de Porto Alegre Imagem: Flavio Ilha - 28.abr.2017/UOL

Flávio Ilha

Colaboração para o UOL, em Porto Alegre

28/04/2017 17h10Atualizada em 28/04/2017 17h20

A greve geral organizada para combater as reformas trabalhista e da Previdência do governo de Michel Temer conseguiu mobilizar trabalhadores em várias regiões do Rio Grande do Sul. O movimento foi apoiado por 11 centrais sindicais com atuação no Estado, entre elas adversárias históricas como CUT (Central Única dos Trabalhadores) e Força Sindical.

Na região metropolitana, os sistemas de transporte coletivo foram paralisados já na madrugada da sexta-feira (28). Os trens, que transportam cerca de 300 mil pessoas diariamente, deixaram de circular por volta de 0h40 e não retomaram mais a operação.

Segundo a Trensurb, que opera o sistema, houve sabotagem nas linhas e o serviço foi suspenso por medida de segurança. O Sindicato dos Metroviários sustenta que a adesão à greve foi de 100%.

No sistema de ônibus, a adesão à greve também foi total. As garagens das principais empresas amanheceram com piquetes, que não foram necessários porque não havia motoristas nem cobradores para tirar os veículos das garagens.

O transporte rodoviário também foi afetado na região metropolitana, onde nenhum ônibus circulou durante todo o dia. Cerca de 400 mil pessoas que circulam entre as cidades do entorno de Porto Alegre foram afetadas.

Bancos, escolas públicas e privadas e serviços públicos não funcionaram em Porto Alegre e nas principais cidades do Estado. Sem consumidores, as lojas que abriram não tiveram clientes. Segundo o Sindilojas de Porto Alegre, cerca de 30% dos estabelecimentos comerciais não abriram as portas.

A partir das 14h, quando uma marcha com cerca de 20 mil pessoas percorreu as principais ruas da área central, o comércio fechou de vez as portas. A passeata foi o ponto alto da greve e surpreendeu até os organizadores.

“A união das centrais é uma demonstração clara de que a classe trabalhadora não está acomodada. Enquanto estivermos ameaçados por essas reformas, nossa unidade vai se sobrepor às nossas divergências”, disse a coordenadora da Intersindical, Neiva Lazzarotto, escalada como porta-voz para avaliar o movimento.

A marcha foi acompanhada discretamente pela Brigada Militar, que avaliou o número de participantes em 3 mil pessoas. Não houve registro de agressões ou violência.

Pela manhã, agentes das Guarda Municipal de Porto Alegre atacaram servidos municipais que impediam o acesso ao prédio da prefeitura. Pelos menos 12 grevistas tiveram de ser atendidos no Hospital de Pronto Socorro, devido à utilização de gás de pimenta pelos policiais. A prefeitura não se manifestou sobre o episódio.

Também houve greve no transporte, nos bancos e em outras áreas sensíveis em cidades como Pelotas e Rio Grande, ambas na zona Sul do Estado, em Caxias do Sul, na Serra, em Passo Fundo, no Planalto, Santa Maria, na região Central, e em cidades menores como Alegrete, Vacaria e Santana do Livramento.

Nesta sexta, diversas capitais brasileiras amanheceram com falta de transporte público em virtude da greve geral convocada para todo o país contra as reformas trabalhista e da Previdência. Em algumas cidades, como Goiânia, houve manifestações, e, em alguns casos, intervenção da Polícia Militar.